Os ensinos de Eutíquio eram populares em alguns regiões, na primeira metade do século V. O eutiquianismo começou com a asseveração de que o corpo de Jesus não era idêntico ao nosso, fora especialmente criado para a missão que veio cumprir. Essa teoria criou a possibilidade (segundo Eutíquio) de combinar os aspectos humano e divino entre si, para criar uma só natureza ao invés de duas. Por isso, na encarnação, Jesus era uma só Pessoa com uma só natureza, uma humanidade deificada, diferente de qualquer outra humanidade.
Esse ensino foi examinado pelo Concílio de Calcedônia (451 d.C). Sem demora, reconheceram que a natureza humana de Cristo era a questão principal em jogo. O concílio utilizou-se da terminologia criada em Nicéia de que Cristo era homoousia com o Pai, para refutar o ensino de Eutíquio. O concílio asseverou que Jesus é homoousia hêmin, que significa ter tido Ele, na sua humanidade, a mesma existência ou essência que nós. Talvez pareça uma conclusão radical, mas é necessária à luz de vários textos bíblicos, dos quais Hebreus 2.14,17 é um dos mais importantes. Essa nítida defesa da humanidade de Cristo, ao lado de uma afirmação igualmente clara sobre a sua divindade, indica que os membros do concílio estavam dispostos a manter as tensões e o paradoxo da revelação bíblica. E, realmente, a cristologia de Calcedônia tem-se mantido no Cristianismo como o baluarte da ortodoxia nestes últimos 15 séculos.