Ao contrário da concepção metafísica, a concepção dialética entende que o desenvolvimento humano se dá pela interação de
determinantes internos e externos, negando "a existência de uma natureza a priori da criança que não seja a genérica natureza
humana, susceptível de todos os desenvolvimentos". Supera, portanto, a velha teoria sociológica da educação fundada no
determinismo social, teoria conservadora segundo a qual a educação reproduz apenas as condições de classe de cada indivíduo,
predestinando-o aos planos e destinos de sua classe. "A escola não é um feudo da classe dominante; ela é um terreno de luta entre a classe dominante e a classe explorada. Ela é terreno em que se defrontam as forças do progresso e as forças conservadoras. O que se passa na escola, reflete a exploração e a luta contra a exploração. Ela é simultaneamente reprodução das estruturas existentes, correia de transmissão da ideologia oficial; mas também ameaça à ordem estabelecida e possibilidade de libertação. A escola é uma instabilidade, mais ou menos aberta, a nossa ação"
Sem negar a enorme influência exercida pelo ambiente e pela classe, a concepção dialética da educação não deixa de considerar os elementos internos, as contradições no interior do indivíduo e da própria instituição educacional. A educação está igualmente dividida, numa sociedade dominantemente conserva dora dos privilégios, ao lado de uma emergente potência de uma classe que encontra também na escola um instrumento de luta. Neste contexto o papel da educação será coloccnvse a serviço dessa nova força social em gestação no seio da velha sociedade.
Hoje, mais do que na época de Marx, a concepção dialética da educação opõe-se à concepção positivista, notadamente sob a sua forma funcionalista.
Conforme consta do livro Concepção Dialética da Educaçã - Gadott
Em oposição à pedagogia metafísica, a pedagogia dialética
sustenta que A FORMAÇÃO DO HOMEM SE DÁ PELA ELEVAÇÃO DA CONSCIÊNCIA COLETIVA REALIZADA CONCRETAMENTE NO PROCESSO DE TRABALHO (INTERAÇÃO) QUE CRIA O PRÓPRIO HOMEM. A educação identifica-se com o processo de hominização. A educação é o que se pode fazer do homem de amanhã. Não é a atualização de uma essência do passado nem a perseguição dramática de uma perfeição individual impossível, permanente, sempre a meio caminho da humanidade.
Enquanto a pedagogia da essência é extremamente determinista, mecânica e a concepção existencialista é voluntarista e pessimista, a pedagogia dialética da educação ó social, científica, uma pedagogia voltada para a construção do homem coletivo, voltada portanto para o futuro.