[...]Nesse sentido, cabe ressaltar a sensibilidade gramsciana para essa dinâmica quando sugere o conceito de Estado ampliado articulado à hegemonia. É nesse marco que pensamos o tema em foco. Recusamos, portanto, a perspectiva analítica segundo a qual o Estado seria o âmbito do bem‐comum e ÁRBITRO DE CONFLITOS que emergem da sociedade civil, ilusão social‐democrata alimentada pela experiência geo‐politicamente situada do WELFARE STATE. No mesmo passo, rejeitamos a “satanização” neoliberal do Estado como o símbolo da ineficiência e da corrupção; e como Complemento dessa linha de argumentação, a edificação da sociedade civil como lócus da virtude e da realização do bem e da efetividade, ideologia largamente difundida em tempos de neoliberalismo. [...] BEHRING. Elaine. R. As novas configurações do Estado e da Sociedade Civil no contexto da crise do capital. In: Serviço Social, Direitos Sociais e Competências Profissionais. ABEPSS/CFESS, Brasília, 2009
O Estado, na sociedade capitalista, tem se constituído em objeto privilegiado de análise – seja de intelectuais marxistas, liberais, neopositivistas, seja de setores organizados da sociedade – com vistas a, em melhor entendendo-o, melhor combatê-lo ou melhor mantê-lo.
O Estado já foi analisado e explicado como um poder acima dos diferentes segmentos da população, ou classes sociais, tendo por papel ser um árbitro dos conflitos, ou contradições, gerados no conjunto da sociedade; foi explicado, também, como instrumento da classe dominante para manter seu poder enquanto classe detentora do capital, mas que mantém uma “autonomia relativa” em relação à classe dominante o que lhe possibilitaria atender algumas das reivindicações das classes trabalhadoras.
No decorrer da história, o Estado foi ganhando qualificativos – liberal, neo-liberal, assistencial, de bem-estar social, fascista, autoritário, ditatorial, democrático, etc. – que procuravam, ao lado de uma concepção geral do Estado colocar suas determinações conjunturais e históricas particulares. Nos estudos mais consequentes, para além de consagrar o Estado como objeto teórico, sempre se centrou a análise no sentido de melhor compreendê-lo para melhor instrumentalizar as classes trabalhadoras na sua luta – seja pela melhor distribuição da riqueza social, seja pela supressão do Estado. Nesse sentido, delimitar uma concepção de Estado tem significado o entendimento da sociedade burguesa e do movimento do capital, sem descolar o Estado da história da sociedade.
Analisar o valor do trabalho para o Estado brasileiro implica, primeiramente, em estabelecermos uma delimitação conceitual-metodológica do Estado enquanto tal, para, a partir daí, situarmos as particularidades do Estado brasileiro na sua relação com o trabalho.
Fonte: http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v1n2_trabalho.htm
"Como o Estado nasceu da necessidade de refrear os antagonismos de classes, no próprio conflito dessas classes, resulta, em princípio, que o Estado é sempre o Estado da classe mais poderosa, da classe economicamente dominante que, também graças a ele, se toma a classe politicamente dominante e adquire, assim, novos meios de oprimir e explorar a classe dominada. Não só o Estado antigo e o Estado feudal eram órgãos de exploração dos escravos e dos servos, como também: O ESTADO representativo MODERNO é um instrumento de exploração do trabalho assalariado pelo capital. Há, no entanto, períodos excepcionais em que as classes em luta atingem tal equilíbrio de forças, que o poder público adquire momentaneamente certa independência em relação às mesmas e se torna uma espécie de árbitro entre elas".
Fonte: https://www.marxists.org/portugues/lenin/1917/08/estadoerevolucao/cap1.htm