Não existe fato que seja normal ou patológico em si. A anomalia e a mutação não são, em si mesmas, patológicas. Elas exprimem outras normas de vida possíveis. Se essas normas forem inferiores às normas anteriores, serão chamadas patológicas. Se, eventualmente, se revelarem equivalentes – no mesmo meio – ou superiores – em outro meio – serão chamadas normais. Sua normalidade advirá de sua normatividade (Canguilhem, 2002, p. 113).
Não é difícil encontrar nestas reflexões de Canguilhem uma certa posição nietzscheana que procura erigir a criação de valores em vontade de afirmação da vida. Essa reflexão sobre o estatuto ambivalente da anomalia pressupõe, no entanto, que o portador da anomalia possa ser centro produtor de valor e de normatividade.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-31662011000100002