Em síntese, o modelo humboldtiano assume a universidade como uma ins-
tituição que goza de autonomia relativa na produção do conhecimento, em relação
estreita com os interesses do Estado, tendo a ciência como a força unificadora de que
o Estado necessita para legitimar o projeto de nacionalidade. A formação, demarcada
por uma concepção idealista, liberal e acadêmica, põe a pesquisa científica no centro
das relações universitárias, enfatizando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
formação geral, humanista e científica, com foco na totalidade e universalidade dosaber. Essa seria a forma de fazer a ciência “pura”, que tem como princípio a busca
infinita da verdade e do conhecimento.
Entretanto, um aspecto merece destaque: a possibilidade, em Humboldt,
da existência de diferentes instituições superiores científicas, ou do que hoje constitui
o denominado sistema de ensino superior. Isto é, a concepção humboldtiana de
universidade já traz em seu bojo a “divisão das instituições científicas superiores e os
diversos tipos de instituição resultantes desta divisão”(Humboldt, 2003, p. 91-99, grifos
do original). De um lado, a universidade, estatal, incumbida do ensino, da produção
e divulgação da ciência pura e do controle de institutos isolados a ela vinculados por
mediação do Estado; de outro, a academia, não estatal e de interesse privado, encar-
regada, ao mesmo tempo, da produção da ciência pura e das ciências da observação e
da experimentação, além dos Privatdozenten, também instituições de direito privado,
voltadas exclusivamente para as questões práticas e, portanto, de ciência aplicada.
Fonte: ZULEIDE SIMAS DA SILVEIRA
Universidade Federal Fluminense,
Niterói, RJ, Brasil
LUCÍDIO BIANCHETTI
Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, SC, Brasil