Questão sobre
terminologia aplicada à contabilidade de custos.
Quando
tratamos da terminologia em custos industriais,
estamos falando de conceitos básicos, mas muito importantes para entendermos
melhor a Contabilidade de Custos como um todo. Apesar de serem palavras com o
sentido parecido, utilizadas no dia a dia com o mesmo significado, existem
termos técnicos com semânticas totalmente distintas.
Vamos começar
revisando os mais importantes para resolvermos a questão, conforme Martins¹, que é
o autor mais utilizado nas provas de Custos:
Gasto —
Compra de um produto ou serviço qualquer, que gera sacrifício
financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado
por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro).
Exemplos:
Gasto com mão-de-obra, com aquisição de mercadorias para revenda, com energia
elétrica, com aluguel, etc.
Custo — Gasto
relativo a bem ou serviço utilizado na
produção de outros bens ou serviços.
Exemplos:
Matéria-Prima utilizada no processo produtivo, Combustíveis e Lubrificantes
usados nas máquinas da fábrica, Aluguéis e Seguros do prédio da fábrica, etc.
Despesa — Bem ou
serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas.
Exemplos:
Salários e encargos sociais do pessoal de vendas; Salários e encargos sociais
do pessoal do escritório de administração; Energia elétrica consumida no
escritório; etc.
Feita toda a
revisão, já podemos classificar os gastos e contabilizar o
custo total da produção.
Aluguel do
armazém dos produtos acabados 800 (Despesa)
Atenção! Perceba
que o gasto em relação à estocagem do produto acabado não
tem mais a ver com o processo de produção (pois o
produto já está produzido) e por isso é contabilizado como despesa. Não confunda com o gasto em relação à armazenagem de matéria
prima, por exemplo, que seria classificado como custo.
Depreciação
das máquinas de produção 200 (Custo)
IPTU do prédio
da fábrica 450 (Custo)
Mão de obra
direta 400 (Custo)
Mão de obra
indireta 550 (Custo)
Material direto 50 (Custo)
Salário do
departamento de compras 150
(Despesa)
Atenção! Aqui se
fosse especificado compras “da fábrica" como nas demais linhas, por
exemplo, seria custo. Como a descrição departamental está
genérica o examinador considerou corretamente como uma atividade administrativa
- despesa.
Feita a
separação de custos e despesas, agora podemos voltar para o exercício para
calcular o custo do
produto vendido (CPV). Para isso teremos que revisar outra
classificação comum em custos: custos fixos e variáveis.
Atenção! Os
custos podem ser classificados em dois tipos básicos em função de mudanças no nível de produção ou atividade da
empresa. Segundo a doutrina, dentre as classificações usuais que utilizamos
para classificar os custos, essa é uma das mais importantes, pois levamos em
consideração a relação entre o valor total de um custo e o volume de atividade numa unidade de tempo.
Por exemplo, o
valor total de consumo dos materiais diretos por mês depende diretamente do volume de produção. Quanto maior a
quantidade fabricada, maior seu
consumo. Dentro de uma unidade de tempo (mês, nesse caso), o valor do custo com
tais materiais varia de acordo com o volume de
produção. Por isso, materiais diretos são chamados custos variáveis.
De outro lado,
o aluguel da fábrica em certo mês é de determinado valor, independentemente de aumentos ou diminuições naquele mês do volume elaborado de produtos. Por isso,
classificamos o aluguel da fábrica como um custo fixo.
Atenção! Perceba
que a empresa vendeu apenas 130 unidades das 160 produzidas no período.
Portanto, para chegarmos no valor do CPV do período anterior precisaremos
partir do custo de produção unitário e
multiplicar pelas quantidades vendidas no período (130).
Vamos começar
apurando os custos fixos totais,
pois esses não mudam em função da produção da empresa.
Custos fixos
totais = depreciação + IPTU + mão de obra indireta (supervisão)
Custos fixos
totais = $ 200 + $ 450 + $ 550
Custos fixos
totais = $ 1.200
Agora teremos
que calcular os custos variáveis unitários, pois esses também não se alteram em função da produção.
Custo variável
unitário = Custos variáveis totais / quantidade produzida
Custo variável
unitário = $ 400 + $ 50 / 150 unidades em maio
Custo variável
unitário = $ 450 / 150
Custo variável
unitário = $ 3 por unidade
Agora podemos
calcular o custo de produção unitário do período
anterior.
Custo unitário
em abril = custos fixos unitário + custo variável unitário
Custo unitário
em abril = ($ 1.200/160 unidades em abril) + $ 3
Custo unitário
em abril = $ 7,5 + $ 3
Custo unitário
em abril = $ 10,5
Como foram
vendidas apenas 130 unidades, para encontrarmos o CPV basta multiplicarmos o
custo unitário pelos produtos vendidos no período.
CPV = custo
unitário x quantidade vendida
CPV = $ 10,5 x
130 unidades
CPV = $ 1.365
O custo dos
produtos vendidos no período anterior foi 1.365.
Fonte:
¹MARTINS,
Eliseu, 1945 Contabilidade de custos / Martins, Eliseu. – 9ª ed. - São Paulo :
Atlas, 2003, pág. 17.
Gabarito do
Professor: Letra E.