Errado
A vacinação anual com a vacina polivalente protege contra dois sorotipos (V8) ou quatro sorotipos (V10) mais comuns no Brasil, porém a sua eficácia é somente de 6 a 8 meses. Por esse motivo, animais que vivem em casas ou em áreas com presença de ratos devem ser vacinados a cada 6 meses contra a leptospirose (uma vez junto com a vacina anual e 6 meses depois somente contra a leptospirose).
A imunidade na leptospirose canina é basicamente do tipo humoral. A imunidade é sorovar-específica, e em menor extensão pode ser específica do sorogrupo. As vacinas atualmente utilizadas contêm bacterinas (bactérias inteiras inativadas quimicamente) e induzem imunidade pela opsonização das bactérias, o que resulta na apresentação de antígenos de membrana (lipopolissacarídeos e proteínas da membrana externa). Outras vacinas contêm antígenos protéicos da membrana externa (vacinas de subunidades). As vacinas utilizadas mundialmente para o cão contêm antígenos que imunizam contra os sorovares icterohaemorrhagiae e canicola, os mais prevalentes na maior parte do globo terrestre. Em alguns países ou áreas específicas, a utilização extensiva dessas vacinas diminuiu consideravelmente os casos de leptospirose causados por esses sorovares. Em contrapartida, outros sorovares passaram a ser detectados no cão, como conseqüência do contato do cão com os reservatórios (animais silvestres) ou com o meio contaminado, onde vivem os portadores naturais. Sorovares como pomona, grippotyphosa, bratislava e outros já foram identificados em cães com leptospirose, principalmente nos de caça ou nos que vivem em áreas rurais ou periferias. Idealmente, nesses casos, as vacinas para o cão devem conter as bacterinas ou antígenos específicos. Por outro lado, o aumento de antígenos predispõe ao aparecimento de maior número de reações de hipersensibilidade. Assim, recomenda-se que as vacinas caninas contra a leptospirose contenham apenas os antígenos que promovam proteção para os sorovares prevalentes naquela região.
Não se conhece ao certo a duração da imunidade dada pelas vacinas. Na maior parte das vezes, o título de anticorpos praticamente torna–se nulo em três a nove meses após a vacinação. Acredita–se que a imunidade pós-vacinal também seja curta, recomendando-se dose de reforço a cada seis meses para os animais que estão altamente expostos ao risco da infecção. Isto significa que a recomendação de imunização anual pode deixar os cães desprotegidos por um período variável de tempo, antes da aplicação da próxima dose do imunógenos. A vacina protege contra o desenvolvimento da doença, mas não previne contra a colonização do rim e a eliminação urinária das leptospiras quando ocorrer a infecção natural. Portanto, não previne quanto ao estado de portador.
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