Gabarito:
ERRADO
Artigo:
Do Saber aos Saberes: Comparando as noções de QUALIFICAÇÃO e de
COMPETÊNCIA
O
artigo trata
da distinção entre o conceito de QUALIFICAÇÃO,
que tem raízes na Sociologia
e na Economia,
e a noção de COMPETÊNCIA, que se
funda na Educação
e na Psicologia.
Duas teses se contrapõem: a da ampliação e substituição do
conceito de qualificação e a do deslocamento conceitual. O artigo
trata ainda das dimensões conceitual, experimental e social da
qualificação, mostrando que a noção de competência enfatiza a
dimensão experimental e enfraquece as dimensões conceitual e
social. Na busca de evidências foi realizada uma pesquisa
qualitativa, do tipo exploratório-descritivo, comparando-se dois
casos: uma organização do setor
automotivo
e outra do setor de telecomunicações. Os resultados da pesquisa
corroboram a tese do deslocamento e mostram que a dimensão
experimental é reforçada na gestão de competências.
Segundo
Manfredi (1999), expressões como qualificação,
competência e formação profissional
têm sido tratadas como sinônimas, quando, na verdade, são
polissêmicas, ou seja, assumem diferentes sentidos, referentes a
interesses de determinadas parcelas da sociedade, a cujos projetos
políticos remetem.
O
conceito de QUALIFICAÇÃO surgiu a partir de lutas
políticas e ideológicas, tendo-se consolidado na Sociologia,
vinculado a práticas educativas que ajudam a legitimar
o estatuto do trabalho qualificado.
Já
o conceito de COMPETÊNCIA, como esclarece Hirata
(1994), foi adotado nos anos 90, pelo meio empresarial francês, como
forma de contraposição a um tipo de sistema de relações e
de classificação profissional fundado na noção de tarefa e de
cargo (o taylorista-fordista). Sua origem tem raízes nas
ciências cognitivas que se utilizam do referencial psicológico para
compreender
e interpretar as práticas sociais.
[...]
Na
dimensão experimental, associada às
evoluções tecnológicas ocorridas mais acentuadamente nos anos 80,
embora a qualificação seja entendida como um condicionante da
eficiência produtiva, é abandonada pelo conceito de competência.
Passa-se a valorizar mais os conteúdos dos trabalhos que vão
além do que está prescrito e as qualidades dos indivíduos ligadas
aos atributos pessoais, potencialidade e valores, em detrimento dos
saberes formais, ou seja, priorizam-se a prática do saber e do
saber-fazer.
Conclui-se,
assim, que a QUALIFICAÇÃO está ligada à pessoa,
mais do que às relações sociais e ao conhecimento tácito
necessário para vigiar autômatos. Isso não quer dizer que as
dimensões social e conceitual da QUALIFICAÇÃOsejam prescindíveis.
O
que ocorre, segundo Ramos (2001),é um enfraquecimento de ambas,
enquanto a dimensão experimental é fortalecida. Há, pois, um
deslocamento de direção.
Fonte:
http://www.scielo.br/pdf/osoc/v12n33/a05v12n33.pdf