- ID
- 1761784
- Banca
- Exército
- Órgão
- EsFCEx
- Ano
- 2014
- Provas
- Disciplina
- Literatura
- Assuntos
Texto 1
Aqui é Minas; lá já é a Bahia? Estive nessas vilas, velhas, altas cidades... Sertão é o
sozinho. Compadre meu Quelemém diz: que eu sou muito do sertão? Sertão: é dentro
da gente."
(ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. 29 ª ed. Rio de Janeiro: Editora Nova
Fronteira, 1986, p. 270.)
Texto 2
Poema Didáctico
(Socorro Lira/ Mia Couto)
Já tive um país pequeno, tão pequeno
que andava descalço dentro de mim
Um país tão magro que, no seu firmamento,
não cabia senão uma estrela menina
tão tímida e delicada, que só por dentro brilhava
Eu tive um país escrito sem maiúscula
Não tinha fundos para pagar um herói
Não tinha panos para costurar bandeira
nem solenidade para entoar um hino
Mas tinha pão e esperança pros viventes
e tinha sonhos pros nascentes
Eu tive um país pequeno
que não cabia no mundo
meu país – meu continente
há de caber nesse mundo
meu país e sua gente...
Mas tinha pão e esperança pros viventes
e tinha sonhos pros nascentes
Eu tive um país pequeno
que não cabia no mundo
meu país – meu continente
há de caber nesse mundo
meu país e sua gente
terá que caber no mundo,
meu país e minha gente.
(LIRA, Socorro. Os Sertões do Mundo. EP independente, ano 2014. Disponível em:<http://www.socorrolira.com.br/> Acesso em 25/05/2014.)
Texto 3
“João Guimarães Rosa criou este lugar fantástico, e fez dele uma espécie de lugar de
todos os lugares. O sertão e as veredas de que ele fala não são da ordem da geografia.
O sertão é um mundo construído na linguagem. “O sertão", diz ele, “está dentro de
nós." Rosa não escreve sobre o sertão. Ele escreve como se ele fosse o sertão.
Em Moçambique nós vivíamos e vivemos ainda o momento épico de criar um espaço
que seja nosso, não por tomada de posse, mas porque nele podemos encenar a ficção
de nós mesmos, enquanto criaturas portadoras de História e fazedoras de futuro. Era
isso a independência nacional, era isso a utopia de um mundo sonhado."
(COUTO, Mia. E se Obama fosse africano? Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p.
110.)
Sobre o romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, analise as
afirmativas abaixo e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a
sequência correta.
I. A narrativa de Grande Sertão: Veredas é centrada na necessidade do
narrador Riobaldo em contar e confessar o encontro e perda da
personagem principal Otacília.
II. É possível afirmar que o romance Grande Sertão: Veredas reescreve o
tema do sertão presente na literatura denominada regionalista, cujo
marco é Os Sertões, de Euclides da Cunha, até os chamados autores
regionalistas dos anos 30.
III. Polifonia, plurilinguísmo, prolixidade e abertura são características da
linguagem do romance Grande Sertão: Veredas.
IV. O narrador do romance Grande Sertão: Veredas é transparente, unívoco
e destituído de conflitos, diferentemente da personagem Diadorim, que
assume faces diversas: Diadorim/Reinaldo/Maria Deodorina; belo e
feroz; delicado e terrível.