SóProvas


ID
1806436
Banca
NC-UFPR
Órgão
PM-PR
Ano
2015
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

O soneto “No fluxo e refluxo da maré encontra o poeta incentivo pra recordar seus males", de Gregório de Matos, apresenta características marcantes do poeta e do período em que ele o escreveu: 

                         Seis horas enche e outras tantas vaza
                         A maré pelas margens do Oceano,
                         E não larga a tarefa um ponto no ano,
                         Depois que o mar rodeia, o sol abrasa.

                         Desde a esfera primeira opaca, ou rasa
                         A Lua com impulso soberano
                         Engole o mar por um secreto cano,
                         E quando o mar vomita, o mundo arrasa.

                         Muda-se o tempo, e suas temperanças.
                         Até o céu se muda, a terra, os mares,
                         E tudo está sujeito a mil mudanças.

                         Só eu, que todo o fim de meus pesares
                         Eram de algum minguante as esperanças,
                         Nunca o minguante vi de meus azares. 

De acordo com o poema, é correto afirmar: 

Alternativas
Comentários
  •  b) A transitoriedade das coisas terrenas está em oposição ao caráter imutável do sujeito, submetido a uma concepção fatalista do destino humano.

     

       Só eu, que todo o fim de meus pesares 
       Eram de algum minguante as esperanças, 
       Nunca o minguante vi de meus azares. 

  • Uma das temáticas líricas da poesia de Gregório é a de caráter existencial, em que se lê, comumente, uma reflexão acerca das brevidades da vida.  A reflexão tem a ver, logicamente, com o Barroco, estilo marcadamente hermético e antitético, já que "herda" duas ideologias contrastantes entre si: o antropocentrismo clássico e o teocentrismo medieval.   A antítese já se faz presente no verso 1 do soneto (estrutura, no caso, com dois quartetos e dois tercetos): "enche" X "vaza".  No verso 4: "o mar rodeia" X "o sol abrasa".  Observemos que, nesta última, fica bastante clara a temporalidade, a efemeridade, a transitoriedade das coisas. A ideia de mudança é ratificada no verso 9 - "Muda-se o tempo" - e coroada no verso 12 - "E tudo está sujeito a mil mudanças.". Não há dúvida: a resposta é a alternativa (B).   A alternativa (A) deve ser descartada porque a mutabilidade das coisas não implica desarmonia.  A alternativa (C) deve ser descartada porque o termo "um mundo às avessas" pressupõe um mundo ordenado, mas a lógica e a harmonia estão atreladas exatamente a essas antíteses e personificações. A alternativa (D) deve ser descartada, porque a poesia barroca se caracteriza justamente pelo hermetismo, pela complexidade, ao contrário da simplicidade da poesia arcádica (neoclássica).  A alternativa (E) contradiz o poema: tudo muda, menos a condição do eu lírico. 
    A resposta é a alternativa (B).
    Por ora, é só.  Abraços.
  • só mais ler esse soneto assim

    Seis horas enche e outras tantas vaza 

    A maré pelas margens do Oceano, 

    E não larga a tarefa um ponto no ano, 

    Depois que o mar rodeia, o sol abrasa.

    Desde a esfera primeira opaca, ou rasa 

    A Lua com impulso soberano 

    Engole o mar por um secreto cano, 

    E quando o mar vomita, o mundo arrasa.

    Muda-se o tempo, e suas temperanças. 

    Até o céu se muda, a terra, os mares, 

    E tudo está sujeito a mil mudanças.

    Só eu, que todo o fim de meus pesares 

    Eram de algum minguante as esperanças, 

    Nunca o minguante vi de meus azares.

  • É prova pra PM ou pra TV CULTURA???

  • Questão bem reflexiva kkkkk