Vale notar que, com toda a agitação dos neoliberais e monetaristas, o capital não prescindiu ou prescinde da reanimação monetária, no melhor estilo keynesiano (os socorros aos bancos, por exemplo). Porém, sabe-se que, do arsenal das técnicas keynesianas, a política social tem sido a menos solicitada, a depender das opções políticas, econômicas e sociais de cada governo, sua relação com a classe operária e, sobretudo, sua inserção no capitalismo mundial. E tais opções serão sempre resultado de um processo conflituoso de negociação e luta de classes e seus segmentos, que se colocam em condições desiguais nas arenas de negociação disponíveis no Estado democrático de direito, o que leva a conflitos também extra institucionais. [...]
É possível afirmar que o pacto keynesiano foi viabilizado a partir de uma situação-limite para o movimento operário: o vácuo de direções nacionais e internacional, com um projeto econômico-político claro e independente no pós-guerra; e o corporativismo que decorreu daí, remetendo o movimento ao imediatismo dos acordos em torno da produtividade, sobretudo no setor monopolista, sem visão da totalidade e de solidariedade intra classe. No entanto, como já se viu, o capital não encontrou a "pedra filosofal". Quando se adentra no período recessivo, vão existir dificuldades crescentes na negociação com o próprio setor operário monopolista, em função da baixa global da taxa de lucros. Os salários indiretos, dentro do pacto keynesiano, são concessões / conquistas mais ou menos elásticas, a depender da correlação de forças na luta política entre os interesses das classes sociais e seus segmentos envolvidos na questão. No período de expansão, a margem de negociação se amplia; na recessão, ela se restringe. Portanto, os ciclos econômicos, que não se definem por qualquer movimento natural da economia, mas pela interação de um conjunto de decisões ético-políticas e econômicas de homens de carne e osso, balizam as possibilidades e limites da política social. A política social está, portanto, no centro do embate econômico e político deste fim de século.
BEHRING,E.R - Fundamentos de Política Social. In Serviço Social e Saúde: Formação e Trabalho Profissional.
Gabarito C
As políticas sociais são concessões/conquistas mais ou menos elásticas, a depender da correlação de forças na luta política entre os interesses das classes sociais e seus segmentos envolvidos na questão. No período de expansão, a margem de negociação se amplia; na recessão, ela se restringe ( (BEHRING, 2009, p. 19, grifo)
Referência: BEHRING, Elaine Rossetti. Política Social no contexto da crise capitalista: exigências atuais. In Serviço Social: Direitos Sociais e Competências Profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009