Questão que ilustra bem o conceito de capital de giro, apesar dos contornos contábeis da questão, mais afetos ao nosso curso de ADC. Ou seja, os comentários têm uma pegada mais forte de Análise.
O Capital de Giro (CG) ou Capital Circulante (CC) corresponde ao ativo circulante de uma empresa, como já comentei nesta aula. Contabilmente falando, é basicamente composto pelas contas de Disponível, Duplicatas a Receber e Estoques (mesmo os obsoletos, invalidando a letra D), que mantém constante movimentação, formando o que se costuma chamar de Ciclo das Operações Circulantes.
Em sentido amplo, o capital de giro representa o valor total dos recursos demandados pela empresa, para financiar seu ciclo operacional, que engloba as necessidades circulantes identificadas desde a aquisição de mercadorias (ou matérias-primas) até a venda e o recebimento dos produtos. Ou seja, o capital de giro é representado por ativos que podem ser financiados por fontes de curto ou longo prazo, invalidando a letra C.
Uma importante característica do capital de giro é seu grau de volatilidade, que é explicado pela curta duração de seus elementos e constante mutação dos itens circulantes com outros de natureza idêntica.
Tipicamente, os ativos circulantes representam mais de 50% dos ativos totais das empresas. No Brasil, segundo o balanço consolidado dos últimos anos das 500 maiores empresas , a relação entre o capital de giro e o ativo total sempre foi superior a 50%. Apesar da tendência decrescente, determinada basicamente pelo aperto da liquidez verificado nesses períodos, pode-se evidenciar a importância do capital de giro como base de sustentação das operações das empresas pelo significativo nível das aplicações processadas nos itens de curto prazo. Note-se que mesmo nos momentos de maior crise conjuntural, mais da metade do total dos ativos empresariais está refletida em investimentos circulantes.
Para elucidar o que foi afirmado na letra E, comparando-se o capital de giro com o ativo fixo (permanente) de uma empresa, podem ser observadas duas outras importantes características:
i. A primeira refere-se à baixa rentabilidade produzida pelos investimentos em itens circulantes (invalida a letra E).
ii. A segunda característica refere-se à divisibilidade dos elementos circulantes, que se apresenta bem superior à dos ativos fixos, tornando certa a letra B.
Em linha do que acabo de explanar, a abordagem do Capital Circulante Líquido (que é sinônimo de Capital de Giro Líquido, invalidando a letra A), que é feita a partir da relação entre financiamentos e investimentos de uma empresa, demonstra que essa fatia representa exatamente o excedente dos recursos permanentes (a longo prazo), próprios ou de terceiros, alocados pela empresa, em relação ao montante também aplicado a longo prazo.
Para facilitar o entendimento, vou fazer um desenho do balanço patrimonial básico, com as linhas de “quem está financiando quem” :
Sabemos que o CCL = AC – PC. Ainda, pensando nessa estrutura de financiamento, podemos identificar o CCL como na figura a seguir:
Assim, podemos concluir que o Capital Circulante Líquido é a parcela da Ativo Circulante (capital de giro) que é financiada pelos recursos que não são circulantes (chamados de recursos não correntes, que podem ser compostos por PñC, PL ou pelos dois, como é o caso). Ou seja, o CCL é a diferença entre os recursos não correntes e o ativo não circulante (o enunciado chama o AñC de “montante aplicado a longo prazo”, que é a mesma coisa. Veja a figura abaixo:
Gabarito: Letra B.