Custeio por Absorção resume-se no critério em que se apropriam todos os custos de produção, quer fixos, quer variáveis, quer diretos ou indiretos, e tão-somente os custos de produção, aos produtos elaborados. Mas, não há nele, normalmente, grande utilidade para fins gerenciais no uso de um valor em que existam custos fixos apropriados. Três grandes problemas concorrem para isso:
Primeiro: Por sua própria natureza, os custos fixos existem independentemente da produção ou não de alguma unidade, e acabam presentes no montante da produção, mesmo que ocorra oscilação no volume de produção. Os custos fixos são necessários muito mais para que a indústria possa operar, ter instalada sua capacidade de produção do que para produzir uma unidade a mais de determinado produto.
Segundo: Por não dizerem respeito a este ou àquele produto, são quase sempre distribuídos à base de critério de rateio, que contêm, em maior ou menor grau, arbitrariedade. A maior parte das apropriações é feita em função de fatores de influência que, na verdade, não vinculam efetivamente cada custo a cada produto. Ao adotar um determinado critério pode-se alocar mais custo em um produto do que em outro, e, se alterarmos o critério de rateio, talvez façamos o inverso. E não há lógica em se alterar o grau de rentabilidade de um produto em função de modificações nas formas de rateio; essa é uma maneira de se auto-enganar. (O uso do ABC ameniza esse problema).
Terceiro: O valor do custo fixo por unidade depende ainda do volume de produção: aumentando-se o volume, tem-se um custo fixo menor por unidade, e vice-versa. Se for decidir com base em custo, é necessário associar-se sempre ao custo global o volume que se tomou por base. Se a empresa estiver reduzindo um item por ser pouco lucrativo, pior ainda ficará sua posição, devido à diminuição do volume; ou se aumentar o preço com base em seu alto custo poderá provocar uma diminuição na procura, e, conseqüentemente, redução do seu volume, e assim aumentar ainda mais o custo de produção, num círculo vicioso. O custo de um produto pode, então, variar em função não de seu volume, mas da quantidade dos outros bens fabricados.
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