Errado
Tendo tomado posse em 31 de janeiro de 1961, Jânio Quadros renunciou em 25 de agosto do mesmo ano. Temendo as consequências do gesto considerado perigoso e injustificável, o Poder Legislativo, sob a presidência do senador Auro Moura Andrade, esforçou-se por demover o presidente de seu intento, tendo postergado ao máximo a leitura do texto da renúncia no plenário do Congresso Nacional.
Ao contrário, Auro Moura, não tentou demover o presidente de seu intento, muito pelo contrário, esforçou-se, ao máximo, para ler o texto da renúncia no plenário o mais rápido possível e, assim, empossar seu substituto, o deputado Paschoal Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara, na velocidade da luz.
“O presidente renunciante se desgastará com quase todas as forças políticas, por diferentes razões, e ainda que tivesse prestígio difuso na população, não contava com organizações dispostas a se colocar a seu lado.” (SCHWARCZ, Lilia Moritz. Olhando para dentro. Vol.4, pag. 125)
“Logo após renunciar Jânio partiu apressadamente de Brasília e desceu em São Paulo, no aeroporto de Cumbica, que então uma base militar. Aí recebeu um apelo de governadores dos Estados, entre os quais se encontravam Carvalho Pinto, de São Paulo, e Magalhães Pinto, de Minas Gerais, para que reconsiderasse seu gesto. Afora isso, não houve nenhuma outra ação significativa pelo retorno do presidente. Cada grupo tinha razões de queixa contra ele e começava a a tomar pé na nova situação. Como renúncias não são votadas e sim simplesmente comunicadas, o Congresso tomou apenas conhecimento do ato de Jânio. A partir daí, a disputa pelo poder começou.” (Boris Fausto, pag. 442)
Na segunda salva, o ministro da Justiça levara a carta de Jânio ao Senado certo de que não haveria parlamentares suficientes em Brasília para a abertura de uma sessão extraordinária do Congresso. Engano: a denúncia de Lacerda superpovoara a capital habitualmente deserta após o almoço de sexta-feira. Em quatro minutos e meio o senador Auro Moura Andrade, presidente do Congresso, leu a carta, deu conhecimento ao plenário da “renúncia do mandato do Presidente da República Sr. Jânio Quadros”, informou que ele já não estava em Brasília e convidou os parlamentares para a posse do seu sucessor constitucional, marcada para dali a dez minutos. Um deputado atirou-lhe um microfone, outro tentou arrebatar-lhe o documento, mas menos de meia hora depois, no palácio do Planalto, assumia o deputado Paschoal Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara. Coube a Denys nomear o seu chefe do Gabinete Militar e nele colocou Geisel. Um Congresso contra o arbítrio: Diários e memória. (Gaspari, Elio A Ditadura Derrotada. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca: 2014. Pag. 68)