http://www.scielo.br/pdf/ln/n61/a08n61.pdf
fórmula do homo duplex (a expressão é do próprio Durkheim), constatação de um duplo centro de gravidade da vida interior: “Há, de um lado, nossa
individualidade, e, mais especialmente, nosso corpo que a funda; de outro, tudo aquilo que, em nós, exprime outra coisa que não nós mesmos”
(Durkheim 1970: 318). Antes de avançar uma solução para essa duplicidade, e em especial para a misteriosa expressão de “outra coisa que não nós
mesmos”, avalia as explicações disponíveis, reafirmando a realidade do dualismo ao afastar o monismo (tanto o empirista como o idealista) que vê
aquele como simples aparência. Também a tese kantiana não o satisfaz: fundar o dualismo na existência simultânea de duas faculdades distintas,
sensibilidade e razão, que dão conta respectivamente do particular e do universal, equivale a propor o dilema em outros termos sem no entanto
resolvê-lo – o que só se dá pela explicitação de sua origem. Aqui é importante anotar que essa mesma estrutura da argumentação será mantida na
crítica ao apriorismo das categorias; e, de resto, parace pautar a inteira
relação da sociologia emergente com o discurso filosófico: a filosofia coloca as questões de modo pertinente, mas não é capaz de resolvê-las, via de
regra porque desconhece a origem social da matéria em discussão