Dentro da perspectiva ontológico-crítica, entendemos que o trabalho do as‑ sistente social, enquanto práxis social, efetua-se por meio de duas categorias indis‑ sociáveis: teleologia e causalidade. A ação do profissional requer a leitura da realidade que quanto mais concreta e rica de determinações acerca da situação em pauta, sempre tendo em mente como primeira causa a econômica, mais possível se torna a construção do objetivo teleologizado. Após a leitura da realidade, a teleologização de um objetivo e as formas de materializá-lo, vem a intervenção na realidade — o pôr teleológico —, que se dá por meio de orientações sociais, planejamentos, relatórios, encaminhamentos, reuniões etc. e busca materializar na realidade o objetivo a que se propõe o assistente social (garantia de direito, auto‑ nomia, cidadania, entre outros). Assim, perceber a natureza do conjunto causal que constitui o cotidiano do assistente social é fundamental para, no âmbito de sua práxis social, conseguir perceber, de forma mais fiel possível à realidade, os limites e possibilidades para a materialização do direito na vida do usuário, mobilizar recursos públicos para o suprimento de suas necessidades imediatas que por meio do mercado não se consegue e construir estratégias de reflexão da realidade junto ao “usuário”, no sentido de permitir que ele amplie seu entendimento sobre sua realidade e as alternativas históricas — individuais e coletivas — que possui para enfrentar suas questões. Somente dessa forma é possível perceber que por mais árduo que seja o terreno histórico do exercício profissional do assistente social, existem sempre alternativas às quais vamos materializando por meio de ações. É a partir dessas que o sujeito se torna o iniciador da posição da finalidade, da transformação das cadeias causais refletidas em cadeias reais, ou seja, o sujeito estabelece todo um conjunto de posições diversas, de caráter teórico e prático (Lukács, 1979).