- ID
- 2249488
- Banca
- UNESPAR
- Órgão
- UNESPAR
- Ano
- 2016
- Provas
- Disciplina
- Literatura
- Assuntos
Leia o excerto de “O Burrinho Pedrês”, publicado em
Sagarana (1946), de Guimarães Rosa, e ASSINALE A
ALTERNATIVA CORRETA.
“Apuram o passo, por entre campinas ricas, onde pastam
ou ruminam outros mil e mais bois. Mas os vaqueiros não
esmorecem nos eias e cantigas, porque a boiada ainda
tem passagens inquietantes: alarga-se e recomprime-se,
sem motivo, e mesmo dentro da multidão movediça há
giros estranhos, que não os deslocamentos normais do
gado em marcha – quando sempre alguns disputam a colocação na vanguarda, outros procuram o centro, e muitos
se deixam levar, empurrados, sobrenadando quase, com
os mais fracos rolando para os lados e os mais pesados
tardando para trás, no coice da procissão.
– Eh, boi lá! ... Eh-ê-ê-eh, boi! ... Tou! Tou! Tou...
As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e
touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa
embolada, com atritos de couros, estralos de guampas,
estrondos e baques, e o berro queixoso do gado Junqueira,
de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos
campos, querência dos pastos de lá do sertão...
‘Um boi preto, um boi pintado,
cada um tem sua cor.
Cada coração um jeito
de mostrar o seu amor.’
Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando...
Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito... Vai,
vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando...”
(ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro:
Record, 1984. p. 37)