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ID
2257147
Banca
IBFC
Órgão
EBSERH
Ano
2016
Provas
Disciplina
Fonoaudiologia
Assuntos

Paciente de 45 anos, sexo feminino, foi encaminhada pelo médico otorrinolaringologista para fonoterapia. Apresenta queixa de perda súbita da voz há três dias e só consegue se comunicar por voz sussurrada. Na avaliação otorrinolaringológica, o médico descreveu que não observou glote fonatória com aproximação das pregas vocais. No entanto, durante a sessão foi possível observar voz de boa qualidade durante o ato de tossir. Essa paciente apresenta quadro típico de:

Alternativas
Comentários
  • Alterações psicoemocionais – a influência da emoção na voz pode gerar o que denominamos disfonias psicogenéticas, que podem ser classificadas em 5 tipos: a) afonia de conversão – Fala articulada – auditivamente, não há emissão de som, mas há articulação; visualmente, há fenda triangular em toda a extensão ou restrita à região posterior com forte constrição laríngea (que não é aparente no paciente). Não há vibração da mucosa. Fala sussurrada – auditivamente, há som gerado pela fricção do ar expiratório ou interrupção de ar ao longo do trato vocal; visualmente, a glote praticamente desaparece, acoplamento das ppvv, direcionando o fluxo de ar para a região respiratória. Também não há vibração da mucosa, porém as fontes friccionais estão ativadas. b) uso divergente de registros – do ponto de vista auditivo é uma manifestação bizarra onde a voz dá saltos de um registro a outro (peito e cabeça; peito e falsete; basal e peito) de modo descontextualizado. Ao exame, a laringe muda de posição de acordo com o registro. Pode ser erroneamente classificado como um exame de difícil execução, em paciente com reflexo nauseoso. c) falsete de conversão – emissão habitual em registro de falsete, em tons agudos, de fraca intensidade, às vezes com turbulência indicando tonicidade excessiva. Visualmente, laringe elevada, ppvv afiladas, fenda constante, deslocando a vibração da mucosa para região anterior das ppvv. d) sonoridade intermitente – auditivamente, a impressão é de uma laringe “com mau contato”, numa espécie de “liga-desliga”. Alternância surdo-sonora em pequenas unidades de fala (sílabas, palavras) ou trechos durante conversação. Visualmente, fenda posterior transitória ou momentos de afastamento total das ppvv durante a fonação. e) espasmos de abdução intermitentes – fonação entrecortada, com períodos de afonia, fala sussurrada e sonoridade tensa. Qualidade semelhante à distonia focal laríngea. Visualmente, há períodos de fonação alternados a movimentos glóticos espasmódicos e fendas diversas. Podemos afirmar que é uma pseudo disfonia espástica, com causa emocional.
  • O diagnóstico da disfonia psicogênica é dado a partir da ausência de alterações orgânicas no exame laringológico combinados com algum grau de alterações vocais em que ações não relacionadas à fonação, como tosse e pigarro, permanecem normais. Entretanto, o diagnóstico não descarta tensões musculares que podem contribuir para o grau da disfonia.

    Em qualquer quadro psicogênico é essencial um diagnóstico diferencial, a fim de viabilizar um tratamento fonoaudiológico e médico adequados e mais efetivos para cada paciente, além de ser fundamental a exclusão de qualquer base orgânica no quadro apresentado. Para melhor detalhamento do caso é necessária uma avaliação completa e uma anamnese detalhada com o uso de protocolos e provas terapêuticas sensíveis. Deve-se considerar também na anamnese, a história psicológica e sua relação com o problema de fala.

    FONTE: https://www.scielo.br/j/rcefac/a/6FGhLWs6FGqWLVrz6gTrXss/?lang=pt