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ID
2284468
Banca
PUC - RS
Órgão
PUC - RS
Ano
2016
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

“Caio é um homem, os homens são mortais, logo Caio é mortal, [esse silogismo] parecera-lhe, durante toda a sua vida, correto em relação a Caio, mas de modo algum em relação a ele.”
TOLSTOI, Lev. A morte de Ivan Ilitch. São Paulo: Editora 34, 2006.
Exceção entre os animais, o homem é o único que carrega consigo a certeza da sua própria morte. Esse conhecimento antecipado serve tanto de medida e restrição para as ambições da vida quanto de combustível para atos que garantam algum tipo de imortalidade. De maneira geral, ao defrontar-se com a morte, o ser humano tem noção dos seus limites e daquilo que é possível fazer enquanto está vivo. Planos, viagens, sonhos são marcos postos entre cada um e seu próprio fim. Nesta prova você se deparará com textos que refletem sobre esse tema.

Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
“– “Morto! morto!” dizia consigo.
E a imaginação dela, como as cegonhas que um ilustre viajante viu desferirem o voo desde o Ilisso às ribas africanas, sem embargo das ruínas e dos tempos, – a imaginação dessa senhora também voou por sobre os destroços presentes até às ribas de uma África juvenil... Deixá-la ir; lá iremos mais tarde; lá iremos quando eu me restituir aos primeiros anos. Agora, quero morrer tranquilamente, metodicamente, ouvindo os soluços das damas, as falas baixas dos homens, a chuva que tamborila nas folhas de tinhorão da chácara, e o som estrídulo de uma navalha que um amolador está afiando lá fora, à porta de um correeiro. Juro-lhes que essa orquestra da morte foi muito menos triste do que podia parecer. De certo ponto em diante chegou a ser deliciosa. A vida estrebuchava-me no peito, com uns ímpetos de vaga marinha, esvaía-se-me a consciência, eu descia à imobilidade física e moral, e o corpo fazia-se-me planta, e pedra e lodo, e coisa nenhuma.
Morri de uma pneumonia; mas se lhe disser que foi menos a pneumonia, do que uma ideia grandiosa e útil, a causa da minha morte, é possível que o leitor me não creia, e todavia é verdade. Vou expor-lhe sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo.” 

Com base no texto, afirma-se:
I. A grande variedade de pronomes presentes no texto aponta para a existência de pelo menos três elementos narrativos: Virgília, o narrador Brás Cubas e o leitor.
II. Expressões como “mais tarde”, “Agora”, “ribas de uma África juvenil” assinalam a existência de diferentes planos temporais na narrativa, dos quais se destacam o momento da enunciação, o passado recente e o passado mais remoto.
III. O último parágrafo do trecho, ao revelar a causa da morte do narrador a partir de uma doença banal, serve de contraponto ao tom poético do parágrafo anterior.
A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são

Alternativas