O Brasil herdou de Portugal a cultura de hierarquia e dominação entre os indivíduos. Uma das manifestações claras de tal modo de relação social é o coronelismo – já apontado por Schwartzman como um instrumento do patrimonialismo para a captação de votos. O coronelismo é um fenômeno que se deu no início da república, resultante do legado colonial da profunda disparidade econômica e social entre os proprietários de terra e os trabalhadores. Das diferenças econômicas surge a dependência intelectual e econômica por parte do empregado para com o patrão, o que gera dependência política, impossibilitando o efetivo sistema representativo de eleições. Há ainda associação entre o coronelismo e o Estado, uma vez que o primeiro necessitava de recursos econômicos e segundo objetivava os eleitores “arrebanhados” pelo coronel. No entanto, o coronelismo não é entendido como sendo um fenômeno presente apenas no início do século, mas sim como algo que se estende até os dias atuais, de forma ressignificada, mas persistente até hoje. As instituições estatais acabaram incorporando esse processo de troca de favores, principalmente através das ações da burocracia para “driblar” os interesses tipicamente políticos do sistema partidário.
Em virtude da falta de acesso a serviços básicos (tais como saúde, educação…) a população rural permanecia totalmente dependente do poder local, centrado na figura do coronel, para que pudesse obter o mínimo de assistência possível. Além disso, o fenômeno do coronelismo se explica também pelo fato de a população rural ser analfabeta ou semianalfabeta, não acessando, portanto, informações por meio de jornais, não possuindo entendimento amplo do que seria a política, ou o que significava o ato de participar das eleições. Outro fator que contribuiu para a existência do coronelismo foi o isolamento no qual a população do campo se encontrava no início do século XX, já que havia falta de diálogo entre a mesma, implicando na falta de conhecimento sobre fatos e ideais externos à realidade local. Desse modo é perceptível a existência de um contexto histórico-social que favoreceu o surgimento do coronelismo.
Após a proclamação da República, o funcionalismo tornou-se mais forte, colaborando direta e indiretamente com a administração, executando ações que movimentaram e impulsionaram os serviços básicos e essenciais de que necessitam os cidadãos em suas relações sociais com o Estado, no entanto, não existiam regulamentação nem legislação específica ou mesmo denominação alguma para os servidores da República brasileira.
Resposta: E
Quem de fato já estudou o tema acabou errando a questão. José Murilo de Carvalho aponta como um dos fatores que possibilitava o coronelismo o fortalecimento do Estado durante a primeira república.
"A conjuntura econômica, segundo Leal, era a decadência econômica dos fazendeiros. Esta decadência acarretava
enfraquecimento do poder político dos coronéis em face de seus dependentes e rivais. A manutenção desse poder
passava, então, a exigir a presença do Estado, que expandia sua influência na proporção em que diminuía a dos
donos de terra. O coronelismo era fruto de alteração na relação de forças entre os proprietários rurais e o
governo e significava o fortalecimento do poder do Estado antes que o predomínio do coronel. O momento
histórico em que se deu essa transformação foi a Primeira República, que durou de 1889 até 1930." (Mandonismo, Coronelismo, Clientelismo - uma discussão conceitual)
Questão pessimamente elaborada.