O ensino de filosofia facilita a articulação das disciplinas, podendo ser um vetor de promoção das atividades interdisciplinares na escola, mas NÃO EXISTE UMA RECEITA DE BOLO PRONTO PARA ENSINAR, nesse sentido, se o professor é modelo e quer contribuir para a formação de mentes livres, autônomas, deve ele também exercitar sua autonomia e liberdade de pensamento. As duas coisas estão vinculadas de forma inseparável: não há como desejar e planejar uma ação pedagógica que leve à autonomia se quem planeja não for ele mesmo autônomo. Como aprendemos a ser um professor assim? Temo que a única resposta seja: aprendemos a fazer assim fazendo. Quer dizer, só na prática é que iremos descobrindo nosso modo/modelo de professor-filósofo praticante, orientador provocativo, artesão reflexivo, livre de expectativas formatadoras. Antes da prática, porém, a convicção de que essa seja uma boa maneira de se pensar e praticar o ensino de filosofia. Se a filosofia pode contribuir na educação do outro para ser outro, significa que ela se lança ao desconhecido. Abdica de qualquer poder de controle da formação para apreciar aquilo que possa vir a ser criado. O professor de filosofia aposta no que virá, mesmo que este seja desobediente à sua ordem das coisas, mesmo que este seja contrário e até incompreensível, tão outro que seja esquivo à posse e à comunhão. O outro, autônomo, cria seu mundo e a si e o professor aposta.