A neuralgia do nervo trigêmeo (NT) é uma condição intensamente dolorosa, caracterizada por surtos de dor lancinante e súbita, tipo choque, com duração de poucos segundos a dois minutos e geralmente unilateral. Sua incidência anual é de cerca de 4,3 em 100.000 na população geral, tendo manifestação bilateral em apenas 3% desses casos. Os critérios diagnósticos são definidos pela IASP (International Association for the Study of Pain) e pela ICHD/IHS (International Classification of Headache Disorders/International Headache Society), sendo os seguintes 8,9:
1. Ataques paroxísticos de dor com duração de uma fração de segundo a dois minutos, afetando uma ou mais divisões do nervo trigêmeo;
2. A dor tem pelo menos uma das seguintes características:
a) intensa, súbita, superficial ou em facada.
b) precipitada por fatores-gatilho ou de áreas-gatilho;
3. Os ataques são similares entre os pacientes;
4. Nenhum distúrbio neurológico é clinicamente evidente;
5. Não é atribuído a outra desordem.
A terapia medicamentosa é considerada o tratamento de primeira linha para a NT. O anticonvulsivante carbamazepina tem sido usado desde 1960 por sua eficácia em aproximadamente 60% a 80% dos pacientes. Entretanto, os efeitos colaterais e a eventual perda de eficácia têm estimulado a pesquisa de outros fármacos. Apesar de um grande número deles já ter sido utilizado nesse tratamento, apenas o baclofeno, a pimozida e a lamotrigina foram alvos de ensaios clínicos controlados.
O tratamento cirúrgico somente deve ser considerado, quando o paciente não responde ou venha a tornar-se refratário à medicação sistêmica. Nestas situações, várias modalidades são preconizadas, incluindo procedimentos no gânglio de Gasser (termocoagulação por radiofreqüência, compressão isquêmica por balão e gangliólise com glicerol) ou procedimentos periféricos. Na avaliação risco-benefício do tratamento medicamentoso comparado ao cirúrgico, os resultados geralmente estão a favor do primeiro.