A questão utilizou recursos de interpretação de textos para confundir os candidatos. A questão quer que você marque a assertiva a qual NÃO RESTRINGE A PRÁTICA EMPREENDEDORA DA ADM. PÚBLICA.
b)Visão a longo prazo das lideranças. CERTA. A ideia é que, qualquer processo de gestão empreendedora seja aplicada com fins de longo prazo. Ou seja, visando os benefícios que aquilo poderá trazer para o orgão público depois de alguns meses ou anos. Por exemplo, se um orgão público utiliza a ferramenta de qualidade "diagrama de causa e efeito", ele está inserindo essa ferramenta para verificar as causas que geram uma falha no processo de gestão, com o objetivo de que em um determinado tempo tais falhas não voltem a ocorrer.
Para resolução da questão em análise,
faz-se necessário o conhecimento do Empreendedorismo.
Diante disso, vamos a uma breve
explicação.
Segundo Dornelas (2003), o
empreendedorismo significa fazer algo novo, diferente, mudar a situação atual e
buscar novas oportunidades de negócio, tendo como foco a inovação e a criação
de valor.
O autor versa que, apesar da
multiplicidade de conceitos para o empreendedorismo, é possível sintetizar os
conceitos nas características descritas abaixo.
- Fazer diferente;
- Empregar recursos disponíveis de
forma criativa;
- Aceitar assumir riscos calculados e a
possibilidade de fracassar;
- Buscar oportunidade e inovar, sendo
sempre um processo de criação de valor.
Já na administração pública, a obra de
David Osborne e Ted Gaebler, Reinventando
o Governo (1994), é o marco na nova discussão da
administração pública baseada na ideia do Empreendedorismo Governamental, ou
seja, para os autores é necessário redefinir a atividade do governo, dando mais
flexibilidade para atuar contra as situações complexas do ambiente que muda cada
vez mais rápido. Segundo a citada teoria, o governo interveria na ordem
econômica do Estado, mas migrando de uma ideia burocrática focada nos meios
para uma organização mais eficaz, focada no resultado e inclusão dos cidadãos.
Osborne e Gaebler
(1992) organizaram uma lista com 10 conceitos para a mudança do governo,
citados abaixo:
1. Governo catalisador - os
governos não devem assumir o papel de implementador de políticas públicas
sozinhos, mas sim harmonizar a ação de diferentes agentes sociais na solução de
problemas coletivos;
2. Governo que pertence à
comunidade - os governos devem abrir-se à participação dos cidadãos no
momento de tomada de decisão;
3. Governo competitivo - os
governos devem criar mecanismos de competição dentro das organizações públicas
e entre organizações públicas e privadas, buscando fomentar a melhora da qualidade
dos serviços prestados. Essa prescrição vai contra os monopólios governamentais
na prestação de certos serviços públicos;
4. Governo orientado por
missões - os governos devem deixar de lado a obsessão pelo seguimento de
normativas formais e migrar a atenção na direção da sua verdadeira missão;
5. Governo de resultados - os
governos devem substituir o foco no controle de inputs para o controle de outputs e
impactos de suas ações, e para isso adotar a administração por objetivos;
6. Governo orientado ao
cliente - os governos devem substituir a autorreferencialidade pela lógica
de atenção às necessidades dos clientes/cidadãos;
7. Governo empreendedor - os
governos devem esforçar-se a aumentar seus ganhos por meio de aplicações
financeiras e ampliação da prestação de serviços;
8. Governo preventivo - os
governos devem abandonar comportamentos reativos na solução de problemas pela
ação proativa, elaborando planejamento estratégico de modo a antever problemas
potenciais;
9. Governo descentralizado -
os governos devem envolver os funcionários nos processos deliberativos,
aproveitando o seu conhecimento e capacidade inovadora. Além de melhorar a
capacidade de inovação e resolução de problemas, a descentralização também é
apresentada como forma de aumentar a motivação e autoestima dos funcionários
públicos;
10. Governo orientado para o
mercado - os governos devem promover e adentrar na lógica competitiva de
mercado, investindo dinheiro em aplicações de risco, agindo como intermediário
na prestação de certos serviços, criando agências regulatórias e institutos
para prestação de informação relevante e, assim, abatendo custos transacionais.
Neste contexto, a liderança passa a ser
vista como de fundamental valor nos anos 90. As organizações passam a precisar
de líderes, não mais gerentes, em seus pontos - chave. Ser líder significa
desenvolver-se a si mesmo para poder influenciar e inspirar os outros, ter
habilidades de comunicar e influenciar, compreender o contexto atual, tendo
uma visão além da situação imediata para buscar um futuro de
sucesso sustentável a longo prazo.
Ante ao exposto, a única alternativa
que não é considerada um fator restritivo à prática
empreendedora é a visão de longo prazo das lideranças (letra B), que é uma
característica positiva que contribui para a sustentabilidade organizacional.
Fonte:
DORNELAS, J. C. A.
Empreendedorismo Corporativo: como ser empreendedor, inovar e se
diferenciar na sua empresa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
Gabarito do Professor:
Letra B.