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Aqui, temos outra questão complicada. Complicada porque, dependendo da fonte que você use, as explicações para o aumento do desemprego a partir de 2014 vão variar bastante. Um economista desenvolvimentista irá dizer que o ajuste fiscal provocou o aumento do desemprego. Já o economista ortodoxo dirá que foi o abandono do tripé macroeconômico o grande causador da recessão.
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Então, dadas diferentes concepções, vamos tentar eliminar as alternativas que não poderão ser resposta, independente da fonte que usemos:
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(A) está errada, pois a redução dos rendimentos reais do trabalho é uma consequência (e não causa) do desemprego.
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(B) a formalização (ou não) do trabalho não interfere na medição da taxa de desemprego. Alguém que trabalha informalmente será considerado empregado pelos critérios do IBGE.
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(C) a inflação nem sempre causa desemprego. Inclusive, há modelos (a Curva de Phillips, por exemplo) que trabalham com a correlação negativa entre inflação e desemprego. Isto é, alta inflação gera baixo desemprego, o que é a situação contrária narrada no enunciado.
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(D) a taxa de desemprego é medida pelo quociente entre o número de desempregados e a PEA (População Economicamente Ativa). Se a PEA aumenta, então, espera-se que a taxa de desemprego diminua, pois o denominador da divisão terá aumentado (Tx. Desemprego = Desempregados / PEA).
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(E) Observe que é a única alternativa que sobrou e que, baseado única e exclusivamente no enunciado, deveria ser assinalada.
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A princÃpio, o gabarito seria letra (E). No entanto, analisando o contexto a partir do qual o examinador retirou a questão (uma reportagem do Valor Econômico), acredito que o gabarito será letra (D). Mas, calma!, há, ainda, possibilidade de recurso.
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Observe texto retirado do Valor Econômico, de 15/03/2016:
�RIO � A taxa média de desemprego no Brasil aumentou para 8,5% em 2015, após marcar 6,8% em 2014, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de DomicÃlios (Pnad) ContÃnua, divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE). É a maior taxa desde o inÃcio do levantamento, em 2012.
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A população desempregada cresceu 27,3% em 2015, para 8,59 milhões de pessoas, ante 6,74 milhões um ano antes. Já a população ocupada aumentou ligeiramente, de 92,11 milhões para 92,15 milhões de pessoas. Assim, o aumento do desemprego em 2015 ocorreu principalmente porque as pessoas que estavam inativas resolveram voltar ao mercado de trabalho, mas não encontraram emprego.�
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Desta forma, pelo que está sublinhado, acredito que o gabarito será letra D.
Pessoas inativas são aquelas que não estão empregadas, nem procuram emprego. Desempregadas são aquelas que procuram emprego, mas não acham. Então, uma pessoa que não está empregada, mas também não procura emprego não entra no cálculo da taxa de desemprego. Ela é considerada apenas uma pessoa inativa
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CONTINUAÇÃO DO COMENTÃRIO DO PROFESSOR HEBER CARVALHOÂ
Então, é possÃvel que a taxa de desemprego aumente, mesmo que se aumente o número de pessoas empregadas (ocupadas). Basta, para isso, que haja uma transferência de pessoas inativas para a PEA em percentual maior do que a transferência de pessoas desocupadas para pessoas ocupadas. Essas pessoas inativas que passam a procurar emprego fazem a PEA (População Economicamente Ativa) aumentar. E, no contexto do artigo, esse aumento da PEA foi em percentual maior que o aumento da ocupação, fazendo a taxa de desemprego aumentar. É disso que trata a letra (D).
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Assim, neste contexto, acredito firmemente que o examinador considerará como gabarito a letra (D). Eu erraria esta questão, pois não teria como saber o texto original a partir do qual ela foi formulada.
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Acredito também que é possÃvel recurso na questão. Para acertá-la, é necessário saber o contexto em que ela foi formulada. Ou seja, é necessário conhecer a evolução da economia brasileira nos últimos anos, notadamente a partir de 2012.
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No entanto, no edital do concurso, a FGV pede somente �economia brasileira no século XX�. Ou seja, o perÃodo abarcado pela questão (evolução da taxa de desemprego a partir de 2012) foge do escopo delineado pelo edital. Assim sendo, a questão deve ser anulada, necessariamente.
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Gabarito: D (mas tem recurso para ser anulada)
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FONTE : HEBER CARVALHOÂ .Â
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cabe recurso.
essa questão deve ser anulada
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Segundo o IBGE, as pessoas ocupadas são classificadas em:
a. Empregados - aquelas pessoas que trabalham para um empregador ou ou mais, cumprindo uma jornada de trabalho, recebendo em contrapartida uma remuneração em Dinheiro ou outra forma de pagamento (moradia, alimentação, vestuário, etc.).
Incluem- se, entre as pessoas empregadas, aquelas que prestam serviço militar obrigatório e os clérigos.
Os empregados são classificados segundo a existência ou não de carteira de trabalho assinada.
b. Conta Própria - aquelas pessoas que exploram uma atividade econômica ou exercem uma profissão ou ofício, sem empregados.
c. Empregadores - aquelas pessoas que exploram uma atividade econômica ou exercem uma profissão ou ofício, com auxílio de um ou mais empregados.
d. Não Remunerados - aquelas pessoas que exercem uma ocupação econômica, sem remuneração, pelo menos 15 horas na semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar em sua atividade econômica, ou em ajuda a instituições religiosas, beneficentes ou de cooperativismo, ou, ainda, como aprendiz ou estagiário.
População Desocupada - aquelas pessoas que não tinham trabalho, num determinado período de referência, mas estavam dispostas a trabalhar, e que, para isso, tomaram alguma providência efetiva (consultando pessoas, jornais, etc.).
A) Errado. A redução dos rendimentos reais do trabalho é consequência do desemprego, devido à redução de demanda por mão de obra.
B) Errado. Conforme classificação do IBGE, descrita acima, o processo de formalização do trabalho é indiferente na mensuração do nível de desemprego, já que os trabalhadores por conta própria são considerados ocupados.
C) Errado. Segundo a Curva de Phillips, que mostra uma relação inversa (um trade-off) entre inflação e desemprego. Considerando que o nível de produto está diretamente relacionado ao nível de emprego, ou inversamente ao de desemprego, e sabendo que a inflação corresponde a um aumento no nível geral de preços, a Curva de Phillips fornece-nos um guia sobre o que devemos buscar em termos de modelo de oferta agregada. Se quisermos ganhar mais produto (ou, nos termos da Curva de Phillips, reduzir o desemprego), poderemos obtê-lo, mas em troca teremos também preços mais elevados (mais inflação). Fonte: ECONOMIA MICRO e MACRO, de Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos.
D) Certo. Segundo o IGE, a População Economicamente Ativa (PEA) é composta pelas pessoas de 10 a 65 anos de idade que foram classificadas como ocupadas ou desocupadas na semana de referência da pesquisa, já a taxa de desocupação (ou desemprego aberto) é definhada pela percentagem das pessoas desocupadas, em relação às pessoas economicamente ativas. Assim, para afirmamos se o desemprego aumentou ou reduziu, precisamos analisar as duas variáveis, pessoas desocupadas e população economicamente ativa, como neste período as pessoas que estavam inativas voltaram ao mercado de trabalho e não encontraram emprego, então a taxa de desemprego aumentou.
E) Errado. O setor de Serviços responde pela maior geração de vagas.
Gabarito: Letra “D".
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Meu Deus, que questão completamente sem pé nem cabeça. Esse pessoal da FGV parece que tem vontade de aparecer e gostam de inventar suas próprias teorias nas provas. Espero que nunca venha a prestar um concurso dessa banca.
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GABARITO LETRA D
A letra E fica meio que nebulosa, pois outro setor pode estar demandando trabalho no lugar da indústria e comércio, sendo assim, isso não bastaria para ser a causa por completo.