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Diferentes autores (Moreira, 2004; Seadi & Oliveira, 2009)reforçam a mesma ideia referindo que o sintoma da adição está a serviço da manutenção da homeostase familiar, encobrindoconflitos arraigados à estrutura familiar. Assim, a melhora do dependente químico pode revelar conflitos que a família nãosabe como lidar, desequilibrando o sistema. Deste modo, os benefícios da terapia familiar sistêmica nesses contextos são associados à reorganização do sistema familiar, estabelecendo assim, a possibilidade de novos arranjos familiares bem como a melhora dos padrões de comunicação, dos limites e das fronteirasentre os subsistemas (Payà, 2011). Situações familiares de maior risco e vulnerabilidade para a dependência química são apontadas porHorta, Horta e Pinheiro (2006) como os contextos de violência intra-familiar e/ou o uso de substâncias psicoativas por um dos progenitores. Cecconello e Koller (2003) descrevem as famíliasque suportam fortes pressões socioeconômicas e as de padrõeseducacionais rígidos e punitivos com os filhos. Nunõ-Guitièrrez e Gonzalez-Fortaleza (2004) apontam a comunicação conflituosa e triangulada, a presença de conflitos conjugais, geracionais ou aexistência de alianças intergeracionais, os contextos de violência intra-familiar e, ainda, os modelos repetitivos de perpetuação do uso de drogas em um ambiente familiar desfavorável ao afeto como aspectos que podem predizer o uso de substânciasnos filhos.
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Famílias que produzem dependentes químicos são definidas por Kalina (2001) como “famílias psicotóxicas”, já que a buscade substâncias psicoativas para o enfrentamento dos problemas se apresenta como modelo indutor abusivo, representando, não raro, a dupla mensagem parental, já que o discurso refere à proibição e o comportamento não verbal é o do uso de substâncias paraalívio do sofrimento (tranquilizantes, álcool, etc).
Quando o paciente inicia o tratamento para a dependência química, a droga perde o lugar privilegiado da atenção familiar e o paciente começa a reinvestir, progressivamente, em contextos de vida mais saudáveis. Com isso, a família rompe a homeostase até então estabelecida e o casal precisa mudar seu foco deatenção, permitindo a melhora do filho. O filho usuário de drogassai do lugar de investimento parental fazendo com que o casalse depare com a própria relação conjugal. Assim, os conflitos antes deixados de lado, pela preocupação com o filho, tendema reaparecer, colocando em risco o relacionamento conjugaldos pais. A fim de proteger o casal parental, o filho volta acomportar-se de maneira autodestrutiva, chamando, novamente, a atenção da família. Com isso, promove a união do casal em torno de si, mobilizados pela sintomatologia adicta, contribuindo para a manutenção da homeostase do sistema familiar. Neste caso, o sintoma da drogadição funciona como estabilizador do sistema familiar, pois, se o problema da adição perdura, oconflito conjugal permanece às escondidas.
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Eu acertei.. mas alguém sabe me dizer pq essa questão está errada?
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Não se restringem a três tipos.
Colle (1996) propõe seis níveis lógicos de dependência relacional que mostram a complexidade da dependência para os usuários.
- Dependência dos efeitos – Neste nível de dependência observa-se a relação que o consumidor estabelece com os efeitos de uma substância ou efeitos combinados de várias substâncias consumidas simultânea ou sucessivamente. Além do produto em si, é importante conhecer as diferentes formas de consumo.
- Dependências relacionais afetivas – Refere-se às relações do casal e da família. Parte-se do pressuposto de que, dentro do círculo de relações do dependente de drogas, há pelo menos uma pessoa co-dependente. Estas pessoas podem ser ou ter sido igualmente dependente de drogas.
- Dependência dos fornecedores –Pessoas implicadas no sistema de distribuição. Avalia-se nesta dimensão a relação do usuário com as pessoas que vendem ou passam a droga para eles. Incluem-se aqui tanto os vendedores de drogas ilícitas (como os traficantes), como também os de drogas lícitas (como os médicos, farmacêuticos e comerciantes).
- Dependência dos provedores – Pessoas que lhe asseguram a possibilidade de adquirir a droga, do ponto de vista financeiro; aquelas pessoas que lhe dão o dinheiro para comprar a droga, podendo ser tanto o pai ou a mãe, como um traficante que lhe dá a droga em troca de serviços prestados ao tráfico.
- Dependência dos pares - Diz respeito à rede de parceiros envolvidos no intercâmbio de informações e de endereços, no compartilhamento do uso, nas eventuais ajudas, na cultura da droga.
- Dependência das crenças – Refere-se à crença na eficácia da dependência, ou seja, a crença comum de que as drogas vão restabelecer o indivíduo em suas dificuldades pessoais e relacionais; a crença de que a droga é necessária para se ter um novo estado de ânimo (a magia do produto).
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000082005000200064&script=sci_arttext
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A questão requer conhecimentos acerca da dependência química a partir da visão da psicologia sistêmica.
A teoria sistêmica entende que todos os fenômenos são interligados, onde há possibilidade de enxergar o todo a partir da interação com o meio. Concebe que existem dois tipos de sistemas: o aberto, relacionado com as trocas do sistema externamente, com o meio; e o sistema fechado, o qual realiza interações dentro do seu próprio sistema.
Na dependência química, devem ser priorizadas as relações entre o dependente e a droga, o dependente e a família e a família com a sociedade.
Na perspectiva sistêmica, existem 6 tipos de dependência:
Dependência dos efeitos – dependência dos efeitos do consumo da droga.
Dependências relacionais afetivas – Refere-se às relações do casal e da família, o qual pelo menos um destes seja co-dependente da droga.
Dependência dos fornecedores – aqueles que o dependente se relaciona com pessoas que lhe vendem ou passam a droga, seja lícita ou ilícita.
Dependência dos provedores – depende das pessoas que facilitam a aquisição da droga, seja em formato financeiro ou troca de favores.
Dependência dos pares - refere-se a cultura que permeia, a socialização com outros parceiros de droga
Dependência das crenças – o indivíduo acredita que a droga tenha eficácia para restabelecimento de suas relações, dificuldades pessoais e emocionais, que ela é necessária para que seja uma pessoa melhor.
Por isso, nossa alternativa está errada! Os tipos de dependência não se restringem a três, mas a 6 tipos.
Gabarito da Professora: ERRADO.
Fonte: Pereira & Sundbrack (2005). O "olhar" do jovem em conflito com a lei sobre a relação entre o ato infracional e a drogadição na adolescência. An. 1 Simp. Internacional do Adolescente (on-line)