a) Correto: é fenômeno típico do capitalismo e de suas contradições.
A "questão social", como fenômeno próprio do MPC, constitui-se da relação capital-trabalho a partir do processo produtivo, suas contradições de interesses e suas formas de enfrentamento e lutas de classes. Expressa a relação entre as classes (e seu antagonismo de interesses) conformadas a partir do lugar que ocupam e o papel que desempenham os sujeitos no processo produtivo (Montaño e Duriguetto, 2010, p. 82-98).
b) Incorreto: constitui fenômeno natural intrínseco a toda ordem social.
Foi tratada como fenômeno natural pela perspectiva positivista.
c) Incorreto: é um fenômeno anterior ao capitalismo, intrínseco ao desenvolvimento histórico das sociedades.
"A expressão surge para dar conta do fenômeno mais evidente da história da Europa ocidental que experimentava os impactos da primeira onda industrializante, iniciada na Inglaterra no último quartel do século XVIII: trata-se do fenômeno do pauperismo (Netto 2001, p. 42)."
Por sua vez, Montaño esclarece que a pobreza no MPC, enquanto expressão da "questão social", é uma manifestação da relação de exploração entre capital e trabalho, tendo sua gênese nas relações de produção capitalista, onde se gestam as classes e seus interesses. Como afirmamos, se o pauperismo e a pobreza, em sociedades pré-capitalistas, é resultado da escassez de produtos, na sociedade comandada pelo capital elas são o resultado da acumulação privada de capital. No MPC, não é o precário desenvolvimento social e econômico que leva à pauperização de amplos setores sociais, mas o próprio desenvolvimento (das forças produtivas) é o responsável pelo empobrecimento (absoluto ou relativo) de segmentos da sociedade. Não é, portanto, um problema de distribuição no mercado, mas tem sua gênese na produção (no lugar que ocupam os sujeitos no processo produtivo);
d) Incorreto: é fenômeno decorrente da dificuldade e incapacidade dos indivíduos de se adaptarem ao desenvolvimento social.
Este tipo de afirmação corrobora para a tese da “cultura da pobreza", onde a pobreza e as condições de vida do pobre são tidas como produto e responsabilidade do limites culturais de cada indivíduo.
Quais são as formas de tratamentos para essas demandas?
[...] o tratamento das chamadas "questões sociais" passa a ser segmentado (separado por tipo de problemas, por grupo populacional, por território), filantrópico (orientado segundo os valores da filantropia burguesa), moralizador (procurando alterar os aspectos morais do indivíduo) e comportamental (considerando a pobreza e as manifestações da "questão social" como um problema que se expressa em comportamentos, a solução passa por alterar tais comportamentos) (cf. Netto, 1992, p. 47). A ação é então a educação e a filantropia. Surgem assim os abrigos para "pobres" e as organizações de caridade e filantropia.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-66282012000200004