SóProvas


ID
2761768
Banca
IF-TO
Órgão
IF-TO
Ano
2018
Provas
Disciplina
Redação Oficial
Assuntos

Texto 1 

                       A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais


      As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dúvida que um texto marcado por expressões de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jargão técnico, tem sua compreensão dificultada.

      Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de costumes, e pode eventualmente contar com outros elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as transformações, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de si mesma para comunicar.

      A língua escrita, como a falada, compreende diferentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer de determinado padrão de linguagem que incorpore expressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz da língua, a finalidade com que a empregamos.

      O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter impessoal, por sua finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em que a) se observam as regras da gramática formal, e b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos os cidadãos.

      Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de expressão, desde que não seja confundida com pobreza de expressão. De nenhuma forma, o uso do padrão culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios da língua literária.

      Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um "padrão oficial de linguagem"; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.

      A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são de difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.

(Manual de Redação da Presidência da República. Ed. rev. e atual. Brasília: Presidência da República, 2002.)

Conforme o texto 1, impessoalidade, concisão, clareza, padronização e formalidade são aspectos da comunicação oficial dos estabelecimentos públicos. Sobre tais aspectos analise os itens seguintes:


I. A impessoalidade diz respeito, entre outras coisas, à ausência da interferência da individualidade de quem elabora um documento oficial.

II. A concisão é uma qualidade do texto e diz respeito ao fato de ele conseguir transmitir o máximo de informações com um mínimo de palavras.

III. A clareza como qualidade básica de um documento oficial não é algo se atinja por si só, depende de outras características da redação oficial, como a impessoalidade, o uso do padrão culto da linguagem, a formalidade e padronização e a concisão.


Indique a única opção correta:

Alternativas
Comentários
  • (A)


    Todos os ítens corretos,questão autoexplicativa.

    princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade, concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser estritamente impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de linguagem.

  • Interferência na individualidade!?

  • erico sales AUSÊNCIA da interferência da individualidade..


    abraço!

  • GABARITO: A

    I. CORRETA, pois de acordo com o Manual, os assuntos objetos dos expedientes oficiais devem ser tratados sempre de forma impessoal, ou seja, pela ausência de individualidade.

    II. CORRETA, pois conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras.

    III. CORRETA, pois um texto claro é aquele que possibilita a imediata compreensão pelo leitor. Para obtenção da clareza são sugeridas, entre outras, "a impessoalidade, o uso do padrão culto da linguagem, a formalidade e padronização e a concisão."

    "Não pare até que tenha terminado aquilo que começou". - Baltasar Gracián.

    Bons estudos!

  • Esta é uma questão que exige do candidato conhecimento referente aos atributos da redação oficial.
    O Manual da Presidência da República determina sete características que um texto oficial deve ter. Dentre elas, vamos apresentar em seguida as quatro que foram cobradas nesta questão. São elas: 

    1. impessoalidade: A redação oficial é elaborada sempre em nome do serviço público e sempre em atendimento ao interesse geral dos cidadãos; 
    2. concisão: Conciso é o texto que consegue transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras;
    3. clareza e precisão: A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se concebe que um documento oficial ou um ato normativo de qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou impossibilite sua compreensão; e
    4. formalidade e padronização: A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a administração pública federal é una, é natural que as comunicações que expeça sigam o mesmo padrão.

    Agora, vamos à análise:

    I. O tratamento impessoal que deve ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais decorre da ausência de impressões individuais de quem comunica, ou seja, a  comunicação é sempre feita em nome do serviço público. Sendo assim, a afirmação presente neste item está correta.
    II. Conforme exposto acima, é considerado conciso o texto que consegue transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras. Portanto, a afirmação presente neste item está correta.
    III. De acordo com o Manual, "a clareza e a precisão não são atributos que se atinjam por si sós: elas dependem estritamente das demais características da redação oficial", portanto,  a clareza  não é algo que se atinja isoladamente, ela depende de todos os outros seis atributos. Dessa forma, a  afirmação presente neste item está correta.

    Gabarito: Letra A