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ID
2846491
Banca
COMVEST - UNICAMP
Órgão
UNICAMP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

Em 1961, o poeta António Gedeão publica o livro Máquina de Fogo. Um dos poemas é “Lágrima de Preta”. Musicado por José Niza, foi gravado por Adriano Correia de Oliveira, em 1970, e incluído no seu álbum “Cantaremos”. A canção foi censurada pelo governo português.

Lágrima de preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é
costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

(António Gedeão, Máquina de fogo. Coimbra: Tipografia da Atlântida,1961, p. 187.)

Os versos anteriores articulam as linguagens literária e científica com questões de ordem ética e política. Considerando o contexto de produção e recepção de “Lágrima de Preta” (anos 1960 e 1970, em Portugal), o propósito artístico desse poema é

Alternativas
Comentários
  • Nesse poema, o eu lírico mostra um interesse que recai na discriminação racial, pois ele analisa a composição de uma “lágrima de preta”, considerando que encontraria “vestígios de ódio” e “sinais de negro”. Após essa análise, nota-se que a lágrima não difere de qualquer outra, pois ela apresenta componentes comuns aos de qualquer etnia. A afirmativa C é, portanto, correta, já que ficam evidentes a pertinência quanto à análise da sociedade, em que há discriminação racial, e o conceito científico, no que se refere à composição da lágrima.