A conceituação de normalidade ou anormalidade estabelece-se através de opções conceituais filosóficas, ideológicas e pragmáticas do profissional, cuja formação intelectual interferirá na sua conceituação ou na sua definição daquilo que se estabelece como normal. Entretanto, utilizam-se, academicamente, critérios de normalidade em Psicopatologia, a saber, critérios que definem a pessoa como normal ou anormal, uma opção de normalidade ou anormalidade, assim definidos: (DALGALARRONDO, 2000, p.25-27):
1- Normalidade como ausência de doença,
2- Normalidade ideal,
3- Normalidade estatística,
4- Normalidade como bem-estar,
5- Normalidade funcional,
6- Normalidade como processo,
7- Normalidade subjetiva,
8- Normalidade como liberdade,
9- Normalidade operacional.
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Há pelo menos nove conceitos de normalidade, que traduzem a dificuldade de diagnóstico e de tratamento, são eles:
1. Normalidade como ausência de doença: o primeiro critério que se utiliza é de saúde como "ausência de sintomas, de sinais ou de doenças". Neste sentido, normal é o indivíduo não portador de um transtorno mental definido. Este critério se apresenta falho e precário, pois, baseia-se em uma "definição negativa", ou seja, a normalidade e definida por aquilo que ela não é, pelo que lhe falta.
2.Normalidade ideal: Neste caso, a normalidade se configura como uma "utopia", onde se constitui e referencia-se pela sociedade, uma norma social ideal, que determina o que e "sadio e mais evoluído." Este critério utilizado, e baseado em critérios socioculturais e ideológicos arbitrários e a normalidade e medida na adaptação do indivíduo às normas morais e políticas de determinada sociedade.
3. Normalidade estatística: a normalidade estatística identifica norma e frequência e se aplica especialmente a fenômenos quantitativos, com determinada distribuição estatística na população geral - como peso, altura, tensão arterial, horas de sono etc. O normal passa a ser aquilo que se configura com maior frequência. Os indivíduos que se situam estatisticamente fora da curva de normalidade passam a ser considerados anormais ou doentes. Este é um critério muitas vezes falho em saúde geral e mental, pois nem tudo o que é frequente é necessariamente saudável, assim como nem tudo o que é raro ou infrequente é patológico.
4. Normalidade como bem-estar: Em 1958, a OMS - Organização Mundial de Saúde - definiu a saúde como o "completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente como ausência de doença". Pela sua amplitude, imprecisão e dificuldade de se definir o que seja bem estar, este conceito tem sido criticado, Além disso, o completo bem-estar físico, mental e social é tão utópico, que poucas pessoas se encaixariam na categoria "saudáveis".
5. Normalidade funcional: este conceito se baseia nos aspectos funcionais e não quantitativos. Assim, um fenômeno é considerado como patológico quando é disfuncional, ou seja quando provoca sofrimento para o próprio indivíduo ou para o grupo social. Este conceito relativista o conceito de normalidade.
6. Normalidade como processo: nesse caso, os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e reestruturações pelas quais o individuo passa ao longo do tempo, de crises, de mudanças próprias a determinadas faixas etárias, são consideradas. Este conceito é útil para se entender e tratar as disfunções que podem ocorrer na criança, no adolescente e no idoso.
7. Normalidade subjetiva: neste conceito se da ênfase à percepção subjetiva do próprio indivíduo em relação ao seu estado de saúde, à suas próprias vivências subjetivas. Este critério também e falho, pois muitos indivíduos que se sentem bem, saudáveis e felizes, podem apresentar, de fato, um transtorno mental grave.
8. Normalidade como liberdade: alguns autores de orientação fenomenológica e existencial conceituam doença mental como perda da liberdade existencial, assim, a saúde mental permitiria ao individuo transitar, com graus distintos de liberdade, sobre o mundo e sobre o próprio destino. Neste sentido, a doença mental é vista como constrangimento do ser, ou seja, como cerceamento das possibilidades existenciais.
9. Normalidade operacional: é um critério, com finalidades pragmáticas explícitas. A priori define-se o que é normal e patológico e depois busca-se trabalhar operacionalmente com tais conceitos, aceitando-se as consequências de tal redução prévia. Pela ausência de conceitos, este e um critério assumidamente arbitrário.
GABARITO: C