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ID
2950942
Banca
FGV
Órgão
DPE-RJ
Ano
2019
Provas
Disciplina
Psicologia
Assuntos

Segundo Foucault, no final do século XVIII, a biopolítica surge como forma de racionalização dos problemas colocados para a prática governamental, pelos fenômenos próprios da população, como saúde, higiene, natalidade, longevidade e raça.

No contexto de exercício biopolítico, um importante instrumento de produção do “sujeito-criminoso” é:

Alternativas
Comentários
  • Um recorte:

    "Foucault (2002) afirma ainda que surgiu, a partir do final do século XVIII, o poder sobre a vida, o poder de ‘fazer viver e deixar morrer’. A biopolítica está voltada ao homem-espécie (e não ao homem-corpo), à massa global e busca atuar sobre fenômenos aleatórios, em série, que afetam os processos típicos de todo ser vivente: nascimento, morte, doença, entre outros. [...] Nesse contexto de exercício biopolítico um importante instrumento de produção de ‘sujeitos-criminoso’ chama-se racismo de Estado. Para Foucault (2002) até o surgimento dessa modalidade de poder a sociedade ainda não havia experimentado aquilo que denominou racismo de Estado, mecanismo por meio do qual é introduzida uma separação entre os grupos da população e que tem como grande propósito disseminar a idéia da existência de um perigo social interno que deve ser combatido para que assim a população viva cada vez mais forte e saudável. Em outras palavras pode-se definir o racismo de Estado a partir de suas duas funções: executar uma distinção entre a massa populacional, elegendo assim aqueles que ‘fará viver’ e os outros que ‘deixará morrer’; e propagar a idéia que é preciso ‘deixar morrer’ uma parte da população, a parte mais fraca, os anormais, os inferiores, para que a população – como um todo – viva cada vez mais forte e saudável. “A morte do outro não é simplesmente a minha vida, na medida em que seria minha segurança pessoal; a morte do outro, a morte da raça ruim, da raça inferior (ou do degenerado, ou do anormal), é o que vai deixar a vida em geral mais sadia; mais sadia e mais pura” (Foucault, 2002, p. 305). Assim, Foucault (2002) mostra o uso do racismo de Estado como uma arma biológica e não militar. Uma arma de ‘deixar morrer’ de formas diretas e indiretas: expondo à morte, multiplicando para alguns os riscos de morte, rejeitando, expulsando. Uma arma usada para acabar com os inimigos que não são necessariamente indivíduos, mas sim representantes de perigos à espécie como um todo."

    Barbosa, R. B.; Bicalho, P. P. G. (2013) ‘Sujeito-criminoso’: mecanismos de produção de subjetividade operantes em policiais e moradores de favelas do Rio de Janeiro, Brasil. Revista Latinoamericana de Psicología Social IMB, pp. 83-110.

    Foucault, M. (2002). Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes.

  • A questão parece estar referenciada no artigo de Roberta Brasilino Barbosa intitulado "Sujeito-criminoso': mecanismos de produção de  subjetividade operantes em policiais e moradores de 
    favelas do Rio de Janeiro, Brasil", no qual a autora, partindo da observação de um tratamento social naturalizado no que  tange crime e criminoso, coloca em análise alguns  mecanismos por meio dos quais são fabricadas diferentes existências qualificadas como desviantes.
    Segundo ela, Foucault afirma ainda que, complementando e assim modificando os poderes de soberania e disciplina apresentados acima,  surgiu, a partir do final do século XVIII, o poder sobre a vida, o poder de 'fazer viver e deixar morrer'. A biopolítica está voltada ao  homem-espécie (e não ao homem-corpo), à massa global e busca atuar sobre fenômenos aleatórios, em série, que afetam os 
    processos típicos de todo ser vivente: nascimento, morte, doença, entre outros. Essa atuação acontece na forma de intervenções que  regulam a vida, a maneira como se vive, procurando controlar seus acidentes. E os mecanismos de regulação usados são  particularmente mais sutis e capilarizados. O controle passa a ser exercido sobre a população – “corpo múltiplo com inúmeras 
    cabeças" – e pela população, essa que é então tratada simultaneamente como uma questão científica,  biológica e política. É ainda importante destacar que a biopolítica ocupa-se da instalação de mecanismos reguladores que visam à  manutenção de um equilíbrio entre a massa global sobre a qual atua. E para que essa homeostase seja alcançada há intensa  preocupação com “a segurança do conjunto em relação aos perigos internos". Dessa forma é possível  afirmar que a racionalidade política na qual se baseia essa modalidade de poder tem no dispositivo de segurança um dos seus mais importantes pilares de sustentação. Afinal, um dos aspectos diferenciadores da biopolítica em relação aos poderes soberano e  disciplinar é a construção do desejo de ser governado que se pauta justamente na ideia (que também é uma fabricação) da  existência de perigos, riscos, contra os quais a população anseia por proteção. 
    Ainda de acordo com a autora, nesse contexto de exercício biopolítico um importante instrumento de produção de 'sujeito-criminoso' chama-se racismo de Estado.  Para Foucault até o surgimento dessa modalidade de poder a sociedade ainda não havia experimentado aquilo que  denominou racismo de Estado, mecanismo por meio do qual é introduzida uma separação entre os grupos da população e que tem  como grande propósito disseminar a ideia da existência de um perigo social interno que deve ser combatido para que assim a  população viva cada vez mais forte e saudável. Em outras palavras pode-se definir o racismo de Estado a partir de suas duas  funções: executar uma distinção entre a massa populacional, elegendo assim aqueles que 'fará viver' e os outros que 'deixará  morrer'; e propagar a ideia que é preciso 'deixar morrer' uma parte da população, a parte mais fraca, os anormais, os inferiores, para  que a população – como um todo – viva cada vez mais forte e saudável.

    O artigo pode ser acessado na íntegra em:
    https://www.academia.edu/36793234/_Sujeito-crimino...

    GABARITO: C

  • A biopolítica está caracterizada pela constante atuação do poder com a finalidade de “gerenciar a vida” biológica da população. Sua legitimidade está justificada à medida que esse poder seja capaz de proporcionar a proteção de sua população frente a “perigos biológicos” internos e externos a ela (FOUCAULT, 1976).

    ...

    O racismo é formado nesse âmbito (o racismo em sua forma moderna, estatal, biologizante): toda uma política da população, da família, do matrimônio, da educação, da hierarquização social e da propriedade, e uma longa série de intervenções permanentes ao nível do corpo, das condutas, da saúde e da vida cotidiana receberam então sua cor e sua justificação da preocupação mítica por proteger a pureza de sangue e de fazer triunfar a raça (FOUCAULT, 1976).

    ...

    ((( O racismo foi um mecanismo fundamental de poder para os Estados modernos. )))Seguindo o argumento de Foucault, a relação entre poder estatal e racismo passou a ser muito estreita na Modernidade. Na raça, o Estado encontra uma ferramenta poderosa para dinamizar e direcionar o exercício do poder. Sob este viés, o exercício do poder, tendo como alvo a purificação do corpo social, é uma característica marcante. “O racismo está ligado ao funcionamento de um Estado obrigado a se servir da raça, da eliminação das raças e da purificação da raça, para exercer seu poder soberano” (FOUCAULT, 1997).

    by: @Grancursosonline

  • É impossível falar de biopolítica e não falar de racismo.

    LETRA C