SóProvas


ID
298594
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
DPU
Ano
2007
Provas
Disciplina
Filosofia do Direito
Assuntos

Conhecemos pouco dos sofistas. Em primeiro lugar,
porque, com exceção de um sofista tardio, Isócrates, de quem
temos as obras, não possuímos senão fragmentos dos dois
principais sofistas: Protágoras de Abdera e Górgias de Leontini.
Em segundo, porque os testemunhos recolhidos pela doxografia
foram escritos por seus inimigos — Tucídides, Aristófanes,
Xenofonte, Platão e Aristóteles —, que nos deixaram relatos
altamente desfavoráveis nos quais o sofista aparece como
impostor, mentiroso e demagogo. Esses qualificativos
acompanharam os sofistas durante séculos e a palavra sofista era
empregada sempre com sentido pejorativo.

Marilena Chaui. Introdução à história da filosofia – dos pré-socráticos
a Aristóteles
. São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (com adaptações).


Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens que
se seguem.

Desde o final do século XIX, tem-se observado uma reabilitação da sofística. Historiadores da filosofia, a partir de então, consideram os sofistas fundadores da pedagogia democrática mestres da arte da educação do cidadão.

Alternativas
Comentários
  • ITEM CONSIDERADO CORRETO NOS GABARITOS (PRÓVISÓRIO E DEFINITIVO).
  • "Sofistas, palavra que significa sábio em grego. 
    Esses homens, portadores de uma eloquência incomum, propunham ensinar qualquer coisa aos cidadãos que almejassem os cargos públicos ou simplesmente que se defenderiam em um caso litigioso. No entanto, suas técnicas nada mais eram do que ensinar a persuadir convencendo seu interlocutor em um debate, seja pela emoção, seja pela passividade deste. Ardilosos oradores, os sofistas fascinavam àqueles que ouviam suas palestras, ensinando como transformar um argumento fraco em um argumento forte e vice-versa. Para eles, fácil era convencer conforme seus interesses, por isso conseguiam provar que uma coisa ora era branca, ora preta. O importante era convencer a qualquer custo. Mediante salários (ou seja, cobravam pelo ensino), eles ensinavam a quem pudesse pagar, sobre qualquer coisa, dizendo serem portadores de um saber universal." 

    Fonte: www.brasilescola.com

  • Em uma sociedade que mede o sucesso pelo impacto imediato de que se reveste o quotidiano e não escapa a uma certa superficialidade e conotação de sensacionalismo efémero, não é de espantar a ressurreição do sofismo como pedagogia educacional.

    Mas o que o texto aborda é que os Sofistas abriram a possibilidade de aprendizado e acesso a todos os interessados em apreender, até então privilégio das elites. Desde o final do século XIX, tem-se observado uma reabilitação da sofística. Historiadores da filosofia, a partir de então, consideram os sofistas fundadores da pedagogia democrática mestres da arte da educação do cidadão.

    Por este viés, correta a alternativa, pese parecer que o examinador possui um conhecimento raso de filosofia, limitado a citações de almanaque.

    Veja passagem da querida professora Maria Vaz em seu texto A ESCOLA, A LINGUAGEM E O PODER:

     

     

    Não se via com bons olhos que recebessem um pagamento em dinheiro pelos seus préstimos de docentes, assim como representava um motivo difuso de mal estar que qualquer um pudesse, através da nova educação de que eram agentes esses mestres, conseguir uma posição social que fora até então o privilégio das elites, tradicionalmente adstritas a determinados estratos sociais. Na debatida questão acerca da possibilidade do ensino da aretê, os sofistas alinharam obviamente com aqueles que defendiam a viabilidade de conseguir levar a cabo essa tarefa com o desejado bom êxito! (A ESCOLA, A LINGUAGEM E O PODER - Profª Drª Maria José Vaz Pinto ).

  • Os sofistas não foram vistos com bons olhos, principalmente por Sócrates, Platão e Aristóteles, exatamente porque foram reconhecidos como os "vendilhões da palavra". Essa questão do CESPE pode gerar desacordo. Não acredito que, embora fossem considerados os fundadores da pedagogia democrática, fossem os "mestres da arte da educação do cidadão". No entanto, não podemos negar que os sofistas foram um marco na evolução do pensamento filosófico. Desta forma, a questão está correta!
  • Análise da questão:

    Existe uma ligação entre a reabilitação da sofística com a “arte" de educação do cidadão, de tal forma que podemos falar em verdadeiras contribuições dos sofistas à educação.

    Conforme SANTOS E SILVA (2015) “o termo sofista provém das palavras gregas sophos (sábio), sophia (sabedoria), de tal modo que “sofista" quer dizer sábio ou “professor de sabedoria" (ARANHA, 1992, p. 219), cuja denominação inicialmente está vinculada a quem possui uma capacidade específica e que mais tarde o sentido do termo denota conhecimento não só de parte, mas do todo. Embora a palavra sofista tenha surgido com significado positivo, devido às críticas filosóficas da época, acabou ganhando uma conotação pejorativa que duraria por muito tempo e que somente a partir do século XIX restabeleceria sua significação originária.

    As contradições sobre os sofistas representaram um preconceito histórico. O movimento da sofística chegou a ser considerado um período de declínio do pensamento grego, contudo, “[...] essa  imagem, de certa forma caricatural, da sofística, tem sido reelaborada no sentido de procurar resgatar a verdadeira importância do seu pensamento" (ARANHA, 1992). Assim, “[...] os sofistas foram reabilitados por Hegel no século XIX" (ARANHA, 1992, p. 219). Posteriormente, no século XX, “[...] foi possível uma revisão sistemática desses juízos" (REALE, 2011), revelando tamanha importância dos sofistas para o conhecimento; desse modo, “[...] a conclusão a que se chegou é que os sofistas constituem um elo essencial na história do pensamento antigo" (REALE, 2011, p. 73).

    Dessa maneira, a sofística, mediante pesquisas realizadas mais recentemente, desvencilha-se da visão inadequada e ganha destaquecomo importante movimento intelectual".

    A assertiva, portanto, está correta.

    Fontes:
    ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1992.
    REALE, G. História da filosofia Antiga: léxico, índices, bibliografia. 5. ed. São Paulo: Loyola, 1995.
    SANTOS, Valmir Francisco; SILVA, Paulo Rogério. Algumas contribuições dos sofistas à educação Educação. Batatais, v. 5, n. 1, p. 95-108, 2015


    Gabarito: CERTO
  • GABARITO: CERTO

    Diferente da lógica aristotélica, por exemplo, em que para se chegar a uma conclusão verdadeira, a premissa deve ser verdadeira, o sofismo está preocupado em vencer as discussões pela defesa do argumento, ainda que estes não fossem válidos. Ou seja, a busca pela verdade não era o objetivo, até porque, os sofistas a consideravam relativa, mas o convencimento da verdade.

    Fonte: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/filosofia/sofistas