Segue comentário da banca sobre a questão:
A questão foi embasada no pensamento da autora Yolanda Guerra, em sua obra “A Instrumentalidade do Serviço Social ”, a qual irá abordar, dentre outros, sobre a heterogeneidade da vida cotidiana, afirmando que dela provém um tipo de saber que responde às necessidades práticas ou ao conjunto de atividades operadas por sujeitos na produção da vida material e reprodução das relações sociais constitutivas da sociedade, onde este saber está inserido.(p.180). O enunciado da questão transcreve as palavras da autora, “[...]a instrumentalidade se apresenta tanto como necessidade histórica da vida cotidiana, quanto decorrência necessária de um modo específico de relação na sociedade historicamente determinada: a ordem burguesa consolidada.” (GUERRA, P.180). A autora em epígrafe vem destacar a importância de considerar que no cotidiano as práticas profissionais reproduzem os modos de vida da ordem social capitalista (a instrumentalidade e as relações sociais de dominação da sociedade burguesa) e, o fato da alternativa A(a qual também transcreve o pensamento da autora) afirmar que o conhecimento não provém DIRETAMENTE da vida cotidiana não significa desconsiderar o conhecimento proveniente do cotidiano, tendo em vista que é no cotidiano profissional do assistente social que a instrumentalidade se materializa. Neste sentido, a autora chama atenção para a necessidade que os profissionais têm de “compreender uma modalidade específica de ser - do ser social que se move na sociedade burguesa - e, dado o nível de complexidade dos processos que o compõem, os saberes gestados na vida cotidiana são insuficientes. Assim, a recorrência que os profissionais fazem às elaborações teóricas, engendram-se, fundamentalmente em duas determinações: da busca por saberes que tenham pertinência com a sua prática[...] da possibilidade de retornarem esse conhecimento à vida cotidiana, agora enriquecida pela apreensão das múltiplas determinações que a constituem, no sentido de objetivá-lo em ações reunidas num conjunto de habilidades específicas, reconhecidas socialmente ” (grifos nossos) Destarte, para efetivar as elaborações teóricas necessárias, é preciso suspender temporariamente as atividades da vida cotidiana, pois, é através dos elementos extraídos do próprio cotidiano que surgem as mediações que requisitam do profissional, níveis de racionalidade mais elevados.(GUERRA, P.181).
Gabarito A
A) Vale ressaltar que o conhecimento é produto histórico-social, contempla tanto a experiência empírica dos sujeitos quanto os conceitos pré formados pelo entendimento e, precisamente do impacto produzido por novos dados empíricos colhidos na experiência, sobre o conhecimento anterior, que resultam a nova elaboração e o progresso do conhecimento. Por essa razão o conhecimento não provém diretamente da vida cotidiana.
B) Toda práxis tem uma instrumentalidade, indica uma ação, porém a práxis NÃO se reduz à dimensão instrumental necessária à reprodução material do ser social. A instrumentalidade é resultado das múltiplas determinações histórico-sociais. Lembremos que o acervo técnico instrumental é fruto da competência técnico operativa, ético política e teórico metodológica. A instrumentalidade é essa capacidade de articular todas as dimensões.
C) Nas práticas profissionais comparecem mediações cada vez mais complexas que não se resolvem por silogismos ou avaliações probabilísticas. O ser social é um ser complexo. As relações sociais são permeadas dessa complexidade, assim, no cotidiano profissional emergem mediações que requisitam do Assistente Social níveis de racionalidades mais elevadas.
Lembrando: Mediação que é uma categoria reflexiva ( articulada ao pensamento dialético) e ontológica ( vinculada a constituição do ser social).
D) A apreensão das particularidades da categoria práxis, deve ser entendida na totalidade, assim não obedecem a uma relação de causa e efeito, mas ao contrário, constituem num conjunto de articulações do processo dialético.
E) A totalidade é uma categoria ontológica, que incorpora as condições e possibilidades do processo dialético.
Fonte: Yolanda Guerra - Instrumentalidade do Serviço Social.