Certo.
O Governo Costa e Silva e a Diplomacia da Prosperidade
Para a política externa, as transformações são bastante notórias. Conforme relata Letícia Pinheiro, há "a reincorporação das teses mais nacionalistas ao modelo de desenvolvimento" (2004, p.40), trilhando uma postura mais autonomista para o Brasil. Amado Cervo denomina este novo período pela "recuperação das tendências" (1992, p.342), já que houve um equívoco no governo anterior em não perceber a importância do papel do Estado como articulador necessário ao processo produtivo.
Paulo Vizentini aponta o governo Costa e Silva como representante de uma "ruptura profunda em relação ao governo anterior, contrariando frontalmente Washington" (2004, p.78) e Carlos Estevam Martins entende que as marcas da frustração da política anterior permitiu "uma guinada sensacional na história da política externa brasileira" (1975, p.67).
A diplomacia da prosperidade do chanceler Magalhães Pinto foi marcada pelo aprofundamento da détente entre EUA e URSS, redirecionando a lógica dos discursos do leste-oeste para norte-sul: ou seja, havia a retomada da preocupação econômica entre desenvolvidos e subdesenvolvidos.
Há o enfoque no nacionalismo e a preocupação com o nacional-desenvolvimento, especialmente pelo saldo negativo gerado pela abertura ao capital estrangeiro do governo anterior. Além disto, é marcante a diminuição do uso do discurso ideológico da Guerra Fria para formulação da política externa. Amado Cervo conclui que, a reformulação aqui disposta não só teve efeito frente à política anterior, mas tornou-se diretriz inalterável a partir de então (1992, p.343).
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000122011000200040&script=sci_arttext
Apesar disto, embora Estevam Martins, Amado Cervo e Vizentini reforcem o papel transformador da PEB em Costa e Silva, Letícia Pinheiro frisa que esta transformação não colocava "em xeque o alinhamento político e militar ao Ocidente" (2004, p.41).