Ocorreu justamente o contrário: houve um desentendimento entre o Brasil e os EUA na questão da cooperação nuclear, que levou o governo brasileiro a firmar um acordo de cooperação com a Alemanha Federal.
Este episódio faz parte de um contexto político mais amplo. Primeiro, o governo americano buscava se firmar internacionalmente como respeitador dos direitos humanos e chegou a advertir o Regime Militar a respeito de sua conduta contraditória nesse campo. Segundo, o governo brasileiro queria investir no desenvolvimento de usinas de energia nuclear, estratégia na qual a cooperação americana seria fundamental. Carter não recebeu bem a ideia e se negou a apoiar o projeto de Geisel. Em resposta, como parte do pragmatismo adotado na política externa brasileira sob o comando do chanceler Azeredo da Silveira, o Brasil denunciou o Tratado de Assistência Militar entre Brasil e Estados Unidos, datado de 1952, e realizou um acordo com a Alemanha Federal de auxílio tecnológico na construção das usinas.
"Para o Brasil, o sinal mais importante da nova política americana [do governo Carter] se deu quando, após inúmeros contatos secretos, Washington advertiu publicamente o general-presidente Ernesto Geisel sobre a violação dos direitos humanos no Brasil. A resposta foi imediata: o general brasileiro denunciou os acordos de cooperação militar com os Estados Unidos [de 1952].
As relações entre Brasília e Washington já estavam fortemente abaladas desde que o Brasil decidira desenvolver um vasto programa de usinas nucleares. Após alguns entendimentos iniciais com os Estados Unidos, em nome da não proliferação nuclear - o Brasil se negara a assinar o TNP, Tratado de Não Proliferação -, os Estados Unidos recusaram-se a prestar qualquer assistência no campo da energia nuclear e vetaram a venda de equipamentos sensíveis para Brasília. O país, então, voltou-se para a Alemanha Federal, com quem assinou, sob protestos de Washington, um amplo acordo de cooperação nuclear, origem das usinas brasileiras.” (Daniel Aarão Reis, História do Brasil Nação, v. 5, p. 148)