Leia os textos a seguir.
TEXTO I
No Brasil, intolerância religiosa nega e tenta inibir
cultura mestiça
Discriminação e ataques recaem, principalmente, sobre
religiões de ancestralidade africana.
O cientista social e psicólogo Rafael Oliveira Soares,
doutor em Ciências Sociais pela Universidade Federal
da Bahia (UFBA), pesquisador das populações afro-brasileiras, destaca que é um movimento comum
no convívio entre culturas as migrações de pessoas
entre grupos, religiosos ou não, gerando novas visões
e expressões de sua fé. Porém, práticas religiosas
fundamentalistas imporiam, pelo medo ou pela lógica
de resultados, que há migrações incompatíveis,
negando a cultura. Isto deságua, primordialmente,
em religiões nascidas da mescla com elementos da
África. De acordo com Rafael, aos embates de contexto
religioso, associam-se o racismo e o preconceito, que
figurariam como “instrumentos sociais de segregação
de toda a sorte, especialmente da contínua redução das
religiosidades dos negros e de suas herdeiras em ações
do mal, ‘negras’ na magia, nas intenções e na fé”.
Nesse cenário, o Estado reconhece, de fato,
a diversidade religiosa do país, mas não de direito. Uma
discrepância no respeito às religiões prossegue em
espaços e instituições que, ao contrário, deveriam zelar
pela pluralidade de religiões e garantir sua proteção por
meio de políticas públicas de diversos aspectos. Para
Rafael, o Estado não admite, oficialmente, dialogar
e estabelecer relações formais com religiões de
ancestralidade africana.
Disponível em: <http://www.redebrasilatual.com.br/>
(Adaptação).
TEXTO II
O contexto de terrorismo e de guerra que estamos
vivendo nos inícios do século XXI faz circular como
moeda corrente o termo fundamentalismo. Esta palavra
se tornou chave explicativa e interpretativa de ações
terroristas que ocorreram em diferentes regiões do
mundo (...) O Fundamentalismo não é uma doutrina, mas
uma forma de interpretar e viver a doutrina, é assumir a
letra das doutrinas e normas sem cuidar de seu espírito
e de sua inserção no processo sempre cambiante da
história, postura que exige contínuas interpretações e
atualizações.
(BOFF, Leonardo. Fundamentalismo, terrorismo, religião e paz.
Desafios para o século XXI. Petrópolis: Vozes, 2009.)
A partir da análise dos textos e dos conhecimentos sobre
o fenômeno do Fundamentalismo, analise as afirmações
a seguir:
I. Ainda hoje há dentro do Cristianismo setores
que prolongam, embora de forma sutil, o antigo
fundamentalismo, disfarçado sob os nomes de
restauração e de integrismo, demonizando outras
manifestações religiosas distintas dessa.
II. O fundamentalismo neopentecostal baseia-se
no literalismo e opunha-se às interpretações dos
métodos histórico-críticos e hermenêuticos para
interpretar textos bíblicos.
III. Aqueles que tomam o Alcorão como a revelação
enlivrada (feito livro) e tentam aplicá-la em todos
os campos da vida, no sagrado e no profano, na
sociedade e na organização do Estado, tendem
a transformar o Islamismo em uma religião
fundamentalista.
IV. A postura fundamentalista não aparece
apenas na religião. Todos os sistemas que se
apresentam como portadores exclusivos de
verdade e de solução única para os problemas
se inscrevem dentro daquilo que chamamos de
fundamentalismo.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)