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ID
3377353
Banca
IADES
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2019
Provas
Disciplina
Geografia
Assuntos

      O terreno em que vivemos sempre nos moldou. Ele moldou as guerras, o poder, a política e o desenvolvimento social dos povos que habitam hoje todas as partes da Terra. A tecnologia talvez pareça superar as distâncias entre nós no espaço mental e físico, mas é fácil esquecer que o terreno em que vivemos, trabalhamos e criamos nossos filhos é importantíssimo, e que as escolhas dos que dirigem os sete bilhões de habitantes deste planeta serão sempre moldadas, em alguma medida, por rios, montanhas, desertos, lagos e mares que nos restringem – e sempre o fizeram.

      [...] Em termos gerais, a geopolítica examina as maneiras pelas quais os assuntos internacionais podem ser compreendidos por meio de fatores geográficos; não somente a paisagem física – as barreiras naturais ou conexões de redes fluviais, por exemplo –, mas também clima, dados demográficos, regiões culturais e acesso a recursos naturais. Fatores como esses podem ter um importante impacto sobre aspectos diferenciados de nossa civilização, de estratégia política e militar a desenvolvimento social humano, incluindo língua, comércio e religião. 

      As realidades físicas que sustentam a política nacional e internacional são desconsideradas, com demasiada frequência, tanto quando se escreve a respeito de história quanto na cobertura contemporânea da mídia acerca dos assuntos mundiais. A geografia é claramente uma parte do “por quê”, bem como de “o quê”. Ela pode não ser o fator determinante, mas, com certeza, é o mais subestimado.

MARSHALL, Tim. Prisioneiros da Geografia: 10 mapas que explicam tudo o que você precisa saber sobre política global. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2018, p. 12-13, com adaptações. 

Com base nas relações entre a geografia e a política, julgue o item a seguir.


Os EUA consolidaram a respectiva massa territorial ao longo do século 19 e desenvolveram, durante o século seguinte, um poderio naval bioceânico, apoiado em bases navais e militares em ilhas do Atlântico e do Pacífico. O desenvolvimento de uma “marinha de águas azuis” estadunidense, inspirada pela teoria do poder marítimo de Mahan, teve como meta impedir eventuais invasões, sobretudo pela costa do Pacífico, região relativamente carente de barreiras físicas de porte, que pudessem servir de obstáculo natural ao acesso às áreas produtoras de alimentos do meio-oeste e aos grandes centros urbanos-industriais do leste.

Alternativas
Comentários
  • As Montanhas Rochosas são uma barreira natural. Não há carência.

  • "Marinha de Águas Azuis" é uma expressão usada para descrever uma força marítima capaz de operar em águas internacionais. Tem a função principal de projetar forças militares através dos mares, projetar forças contra outros países e continentes ou para exercer o controle do mar a longas distâncias.

    Se diferencia da marinha fluvial e da marinha litorânea, principalmente pelo alcance e autonomia das esquadras marítimas, mas também pelo modelo dominante de navio e o tipo de capacidade militar, que tende a ser predominantemente ofensiva no caso das Marinhas alto mar, enquanto nas Marinha do litoral (para defesa do litoral) e de fluvial (defesa de rios de interior e bacias hidrográficas) suas capacidades predominantemente são de defesas.

    Tradicionalmente, a Marinha de alto mar possui navios de grande porte, com maior autonomia e elevado poder ofensivo, centradas em belonaves principais compostas de navios de ataque, como os grandes encouraçados (até a primeira Guerra Mundial) e desde a Segunda Guerra os porta-aviões. O termo usado no Reino Unido é Marinha expedicionária.

    Em suma, mesmo que a meta fosse a de impedir eventuais invasões, a "Marinha de Águas Azuis" não seria utilizada, pois esta não foi criada para esse propósito. Ao invés dela, seria utilizada a "Marinha do litoral" ou "fluvial".

  • Ao contrário de Mackinder, Mahan priorizava o poder naval afirmando

    que o país que possuísse o controle dos oceanos, também possuiria o

    controle do poder do global – a exemplo do que tivera sido o Reino

    Unido. Com essa ideia em mente, Mahan conseguiu prever o

    crescimento econômico e político dos Estados Unidos; afinal, por essa

    perspectiva, um país banhado por dois grandes oceanos e com poucos

    vizinhos naturais teria grandes condições de dar certo. De fato, com

    base nas ideias desse teórico, os Estados Unidos investiram

    significativamente em marinha, tanto no Pacífico quanto no Atlântico,

    inclusive, no próprio Canal do Panamá que possibilitaria a integração

    dessa grande frota. Até aí, tudo bem.

  • O erro da questão está em dizer que a costa do Pacífico é

    “relativamente carente de barreiras físicas de porte”. Na verdade, essa

    região é conhecida por abrigar as Montanhas Rochosas, uma grande

    cadeia que se estende por Estados Unidos e Canadá. Assim como no

    caso da Cordilheira dos Andes na América do Sul, as Rochosas

    configuram-se como um grande obstáculo à invasão militar. Ou seja, é

    errado dizer que a costa do Pacífico é “carente de barreiras físicas”.

    Professor Alexandre Vastella Gabarito: Errado.

  • O desenvolvimento estadunidense de uma poderosa marinha de alcance global está relacionado à teoria do poder marítimo de Mahan, que defende a importância de controlar os oceanos para influenciar o comércio mundial e projetar poder sobre todo o globo. Sua análise tinha como objetivo criar uma preocupação no políticos norte-americanos sobre a importância de poder marítimo que é muito mais abrangente que o poder naval. Este último é relacionado apenas à esfera militar enquanto o poder marítimo é a a capacidade geopolítica, econômica e militar de uma nação em usar os oceanos. Além disso, a Costa Oeste norte-americana possui as Montanhas Rochosas que são de fato um obstáculo formidável a invasões militares.  
    Gabarito do professor: Item errado
         
  • na verdade, acredito que o erro da questão esteja no final da questão

    "que pudessem servir de obstáculo natural ao acesso às áreas produtoras de alimentos do meio-oeste e aos grandes centros urbanos-industriais do leste. "

    Mahan se preocupava com a projeção do poder estadunidense em um momento da história que as potências hegemônicas encontravam-se ainda no continente europeu. Ele preconizava a importância de se haver uma marinha forte, pois esta seria condição para alçar o país ao status de potência. Existia, para Mahan, uma correlação entre poder naval e frota mercante, assim como uma correlação de quase causa e efeito entre poder marítimo e grandeza nacional.

    Vale ressaltar que Mahan apresenta uma ótica americanista da geopolítica, ao passo que outros autores, olham o sistema de poder a partir da Europa, ele o faz dos Estados Unidos - e o que aproxima, liga, relaciona o seu estado ao centro de outros centros de poder é o mar.

    A ideia era conseguir projetar poder por meio de colônias e bases militares, sempre pensando na navegação como principal meio de lomoção e em locus de projeção de poder. Se os Estados Unidos conseguissem barrar 'possíveis inimigos em seus respectivos locus', graças a bases, colônias etc, eles não precisariam desenvolver tantos esforços para protegerem-se em sua terra natal. O que servia de projeção de poder também servia de ofensiva, pontos estratégicos no globo dos quais se poderia atuar mais eficazmente.

  • *Art. 93, inciso VIII da CF/88:

    "o ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa;"

    (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)