O lançamento fica assim:
D - Bancos 9820
C - Descontos de duplicatas ( passivo) 10000
D - Encargos a apropriar 180 ( redutora de passivo)
Tirei esse trecho do Manual de contabilidade societária.
Agora, a empresa deverá registrar as Duplicatas Descontadas no Passivo Circulante, e os encargos financeiros cobrados pelo banco serão classificados no Balanço como redução do passivo correspondente, na conta Encargos Financeiros a Transcorrer.
Claro está que essa modificação leva em conta a essência econômica da transação, pois, considerando-se que a empresa realiza tal operação, incorrendo em encargos financeiros, para financiar seu capital de giro, a transação configura-se numa operação de financiamento. As duplicatas acabam funcionando, de fato, como garantia da operação de financiamento. Portanto, devem ser classificadas no passivo, e não como redutoras do ativo. Adicionalmente, a empresa é responsável pelo pagamento das duplicatas ao banco, caso seu cliente não o faça; assim, a empresa tem coobrigação na transação efetuada.
Felipe o erro da letra C é que ela atribui os juros diretamente no resultado.
Os juros serão apropriados mês a mês de acordo com regime de competência.
Questão sobre a operação com duplicatas.
O desconto de duplicatas é basicamente uma operação financeira que antecipa um valor– por isso também é
chamada de antecipação de recebíveis.
Uma entidade qualquer, quando vende a
prazo, mas precisa dos recursos imediatamente,
solicita uma antecipação para uma instituição financeira. O banco antecipa esse
valor em duplicatas, fazendo a retenção dos juros negociados na operação
do desconto.
Logo, o valor líquido recebido pela empresa será o
valor de face do título menos os
juros negociados e outros encargos,
como taxas, seguros, etc.
Atenção! Durante
algum tempo a conta de Duplicatas Descontadas foi apresentada no Balanço
Patrimonial como redutora do Ativo Circulante e os juros como
despesas antecipadas. Após as alterações recentes na contabilidade, e de acordo
com o CPC 08 (essência sobre a
forma), o desconto de duplicata no ato da transação deverá ser contabilizado,
não como redutor do Ativo Circulante, mas como Passivo Circulante. Por isso, não estranhem caso vejam questões
antigas ou bancas ainda utilizando a classificação antiga!
Pois bem, no dia da operação,
no momento do desconto de uma duplicata ou da transação econômica, os
lançamentos contábeis tradicionais são:
D
– Caixa/Bancos (↑ Ativo) ... pelo valor liquido
D
– Juros passivos a transcorrer ou Encargos a apropriar (↓ Retificadora do
Passivo) ... pelo valor dos juros negociados
C
- Duplicatas descontadas (↑ Passivo)
... valor de face do título
Posteriormente, na apropriação da despesa pelo regime de
competência, mês a mês, teremos:
D
– Despesas com Juros passivos (↓ Resultado)
C
- Juros passivos a transcorrer ou Encargos a apropriar (↑ Retificadora do
Passivo)
Feita toda a revisão, já podemos
analisar cada alternativa, procurando pelo correto registro contábil da
transação:
A) Certo, como vimos, o lançamento correto no dia da contratação da
operação é débito em caixa (entrada do valor líquido no caixa), débito em
encargos a apropriar (retificando passivo) e crédito do valor cheio em duplicatas
descontadas (aumentando passivo).
D: Bancos – 9.820,00 (valor
líquido)
D: Encargos a apropriar –
180,00 (valor dos juros + tarifas)
C: Duplicatas descontadas –
10.000,00 (valor de face)
B) Errado, o valor que entra no caixa é líquido dos juros e tarifas. Além disso, a despesa não é
contabilizada nesse momento, conforme regime de competência.
C) Errado, as despesas com tarifas e juros serão contabilizadas apenas
no final do mês, conforme regime de competência.
No dia da contratação, lançamos os valores como juros/encargos a apropriar.
D) Errado, precisamos lançar juros e encargos nessa operação.
E) Errado, não há lançamento na conta clientes.
Fonte:
¹ Montoto, Eugenio Contabilidade geral e avançada
esquematizado® / Eugenio Montoto – 5ª ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018.
p. 378.
Gabarito do Professor: Letra A.