- ID
- 3786496
- Banca
- COPESE - UFT
- Órgão
- UFT
- Ano
- 2013
- Provas
- Disciplina
- Literatura
- Assuntos
A questão é referente ao fragmento de texto a seguir.
Esqueci-me de dizer que a ópera começara; as nossas
observações podiam fazer-se então em céu desnublado. Vi
Lúcia sentada na frente do seu camarote, vestida com certa
galantaria, mas sem a profusão de adornos e a exuberância de luxo que ostentam de ordinário as cortesãs, ou porque
acreditam que a sua beleza, como as caixinhas de amêndoas,
cota-se pelo invólucro dourado, ou porque, no seu orgulho de
anjos decaídos desejem esmagar a casta simplicidade da
mulher honesta, quantas vezes defraudada nessa
prodigalidade.
Não me posso agora recordar das minúcias do traje de Lúcia
naquela noite. O que ainda vejo neste momento, se fecho os
olhos, são as nuvens brancas e nítidas, que se frocavam
graciosamente, aflando com o lento movimento de seu leque; o
mesmo leque de penas que eu apanhara e, que de longe
parecia uma grande borboleta rubra pairando no cálice das
magnólias. O rosto suave e harmonioso, o colo e as espáduas
nuas, nadavam como cisnes naquele mar de leite, que
ondeavam sobre formas divinas.
A expressão angélica de sua fisionomia naquele instante, a
atitude modesta e quase tímida, e a singeleza das vestes
níveas e transparentes, davam-lhe frescor e viço de infância,
que devia influir pensamentos calmos, se não puros. Entretanto
o meu olhar ávido e acelerado rasgava os véus ligeiro e
desnudava as formas deliciosas que ainda sentia latejar sob
meus lábios.
ALENCAR, José, Lucíola. São Paulo: Ática, 1994, p. 28.
O romance "Lucíola", de José de Alencar foi publicado por volta
de 1861, época em que a mulher era vista, de acordo com o
olhar Romântico, como casta ou como dama impura. No
fragmento, é CORRETO afirmar.