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ID
3898675
Banca
Quadrix
Órgão
CFP
Ano
2020
Provas
Disciplina
Pedagogia
Assuntos

De acordo com Rodrigues e Angelucci (2018), julgue os itens seguintes com relação à escolarização de crianças diagnosticadas com transtorno do espectro autista.


I. O estabelecimento do diagnóstico biomédico como verdade sobre o sujeito não é operativo para a educação. Isso porque o rótulo que reduz questões subjetivas, sociais e políticas a um diagnóstico nosológico desincumbe o professor de seu trabalho. 

II. A manutenção da relação da educação especial com uma perspectiva de reabilitação faz com que o professor suponha que precise se submeter a um saber biomédico para poder ensinar a seu aluno. Dessa forma, aquilo que se entende como escolarização de crianças diagnosticadas com transtorno do espectro autista continua a se manter muito próximo à clínica da normalização. 

III. Para pensar em um projeto de escolarização, é necessário identificar as barreiras que estão dificultando a permanência e a fruição da escola e o aprender e o socializar para a criança com transtorno do espectro autista.



Assinale a alternativa correta. 

Alternativas
Comentários
  • Alguém me explica por que o item I é correto :v

  • I. O estabelecimento do diagnóstico biomédico como verdade sobre o sujeito não é operativo para a educação. Isso porque o rótulo que reduz questões subjetivas, sociais e políticas a um diagnóstico nosológico desincumbe o professor de seu trabalho. Certo, pois não se exige do estudante com deficiência um diagnóstico para que ele seja matriculado no AEE, muitas vezes os diagnóstico médicos são equivocados quanto a real situação do aluno, por isso a escola deve observar o aluno de maneira integral para que não se basei apenas em um diagnóstico, uma vez que muitas vezes ela se utiliza deste para se eximir de suas responsabilidades ou justificar o não desenvolvimento do estudante

  • Todas verdadeiras

  • Quanto ao item I.

    O AEE foi criado para atender o público-alvo da Educação especial, que são as crianças com deficiências, transtorno do espectro autista, altas habilidades e superdotação. Ele é um serviço de apoio à sala de aula comum, para que se ofereça meios e modos que efetive o real aprendizado dos estudantes.

    Na rede particular e pública de ensino, para matrícula do aluno no AEE é solicitado laudo médico, podendo ser de psiquiatra, neurologista ou neuropediatra), além de avaliação de equipe multidisciplinar (professores, psicopedagogos, psicólogos, fonaudiólogos), para efetiva matrícula, não é qualquer aluno que pode se matricular no AEE, ou que acredite que tenha alguma deficiência. A questão cita do "diagnóstico biomédico" na perspectiva da Educação Especial, que não é a mesma coisa de Laudo Médico para alunos deficientes.

    O Modelo Médico (ou Biomédico) da Deficiência a compreende como um fenômeno biológico. Segundo tal concepção, a deficiência seria a consequência lógica e natural do corpo com lesão, adquirida inicialmente por meio de uma doença, sendo uma como consequência desta. A deficiência seria em si a incapacidade física, e tal condição levaria os indivíduos a uma série de desvantagens sociais. Uma vez sendo identificada como orgânica, para se sanar a deficiência, dever-se-ia fazer uma ou mais intervenções sobre o corpo para promover seu melhor funcionamento (quando possível) e reduzir assim as desvantagens sociais a serem vividas.

    Na compreensão do modelo biomédico da deficiência, um corpo com impedimentos deve ser objeto de intervenção dos saberes biomédicos. Os impedimentos são classificados pela ordem médica, que descreve as lesões e as doenças como desvantagens naturais e indesejadas. Práticas de reabilitação ou curativas são oferecidas e até mesmo impostas aos corpos, com o intuito de reverter ou atenuar os sinais da anormalidade. Durante quase 30 anos, o modelo biomédico da deficiência foi soberano para as ações da OMS, o que significou a hegemonia de uma linguagem centrada na reabilitação ou na cura dos impedimentos corporais para as políticas públicas de diversos países vinculados àquela entidade. No Brasil, o modelo biomédico fundamenta as pesquisas populacionais, as ações de assistência e, em grande parte, as políticas de educação e saúde para os deficientes.

  • Esta questão exige conhecimentos sobre a escolarização de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

     

    SINTETIZANDO O CONTEÚDO COBRADO:

    A escolarização de crianças com TEA possui peculiaridades que muitas vezes confundem educadores e familiares. Nesse sentido, o paradigma biologicista da dita doença mental procura explicar fenômenos subjetivos a partir de uma perspectiva normatizadora. Por isso, o que a psiquiatria e suas práticas afins fazem é dar respostas simplificadoras aos comportamentos incômodos.

    Assim, o estabelecimento do diagnóstico biomédico como verdade sobre o sujeito não é operativo para a educação. Isso porque o rótulo que reduz questões subjetivas, sociais e políticas a um diagnóstico nosológico desimplica o professor de seu trabalho. A manutenção da relação da Educação Especial com uma perspectiva de reabilitação faz com que o professor suponha que precise se submeter a um saber biomédico para poder ensinar seu aluno. Dessa forma, aquilo que se entende como escolarização de crianças diagnosticadas com TEA continua a se manter muito próxima à clínica da normalização.

    A escola carrega saberes e legitimidade social para se ocupar do projeto de escolarização de seus alunos. E pensar um projeto de escolarização não é pensar um currículo mínimo para uma criança na qual não se aposta verdadeiramente que seja escolarizável e que, talvez, não devesse estar ali. Pensar um projeto de escolarização é pensar quais as barreiras estão dificultando a permanência e a fruição da escola, o aprender e o socializar para essa criança. E essa barreira não é nem está na criança. Ela não é a criança. E, para ser identificada, pede trabalho coletivo, a partir da produção de dúvida sobre como (e não, se é possível) escolarizar crianças com autismo.

     

    RESOLVENDO A QUESTÃO:

    Esta questão é bastante específica e está toda baseada no artigo “Estado da arte da produção sobre escolarização de crianças diagnosticadas com TEA", de Rodrigues e Angelucci, 2018. Diante do exposto na síntese de conteúdo, podemos concluir que todos os itens estão certos.

     

     

    Gabarito do Professor: Letra E.