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ID
3957082
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de São José dos Campos - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Pedagogia
Assuntos

Um dos desafios pedagógicos em direção à escola pública de qualidade é a interação família-escola, especialmente quando entra em pauta o fracasso escolar. De acordo com a discussão de Castro e Regattieri (2009), assinale a alternativa cuja postura poderia ser considerada acertada por parte da escola.

Alternativas
Comentários
  • Não é produtivo exigir que um aluno com dificuldades de aprendizagem cumpra o mesmo plano de trabalho escolar dos que não têm dificuldades, não se deve exigir das famílias mais vulneráveis aquilo que elas não têm para dar.

  • As condições próprias de cada família para essa interação têm de ser consideradas quando a escola estipula suas exigências quanto ao acompanhamento dos alunos pelos pais.

  • Essa questão exige conhecimentos sobre o tema “relação entre escola e família", com base na abordagem presente na obra “Interação escola-família: subsídios para práticas escolares", de autoria de Jane Castro e Marilza Regattieri.

     

    SINTETIZANDO O CONTEÚDO COBRADO:

    De acordo com Castro e Regattieri (2009), o insucesso escolar deveria suscitar a análise de causas dos problemas que interferiram na aprendizagem, avaliando o peso das condições escolares, familiares e individuais do aluno. No entanto, o que se constata é que, em vez disso, o comportamento mais comum diante do fracasso escolar é a atribuição de culpas, que geralmente provoca o afastamento mútuo.

    Além disso, as autoras defendem que:

    [...] a assimetria de poder entre profissionais da educação e familiares costuma pesar a favor dos educadores, principalmente quando temos, de um lado, os detentores de um saber técnico e, de outro, sujeitos de uma cultura iletrada. Novamente, se essas diferenças são convertidas em desigualdade, a distância entre alguns tipos de famílias e as escolas que seus filhos frequentam se amplia. Podemos dizer que usar a assimetria de poder para transferir da escola para o aluno e sua família o peso do fracasso transforma pais, mães, professores, diretores e alunos em antagonistas, afastando estes últimos da garantia de seus direitos educacionais. É uma armadilha completa.

    Em suma, escola e família deverão trabalhar de forma conjunta e integrada visando promover a educação de suas crianças. Contudo, deve haver por parte da escola um trabalho de diagnóstico para identificar o perfil e as possíveis limitações de cada família; possibilitando, dessa forma, que a escola possa orientar (com base na realidade identificada) os pais quanto a sua participação no processo educativo de seus filhos.

    Um dos exemplos de interação entre escola e família é a conversa sobre desempenho dos alunos. Essas conversas, em geral, deverão ser realizadas entre professores e pais, para que sejam consideradas as variáveis de cada caso e que se possa traçar as melhores estratégias para a manutenção de um bom desempenho ou para a correção das dificuldades em caso de desempenho insatisfatório.


    RESOLVENDO A QUESTÃO:

    Com base nas ideias dos autores acima expostas, a única alternativa correta a respeito da postura da escola é a que consta na letra “D": “As condições próprias de cada família para essa interação têm de ser consideradas quando a escola estipula suas exigências quanto ao acompanhamento dos alunos pelos pais". Vale dizer, embora seja necessária a participação dos pais no acompanhamento de seus filhos, a escola deverá fazer a verificação das possibilidades que cada família possui para efetuar tal interação.


    Analisemos as demais alternativas.


    A) A responsabilidade pelo fracasso escolar se deve à distância ou ao desinteresse dos pais, exigindo que a escola os conscientize nesse sentido e cobre uma participação efetiva de compromisso educativo.

    Errada! Para os autores explorados na questão, o fracasso escolar deveria ser visto como uma espécie de “termômetro" para que sejam identificados os fatores causadores do insucesso. Tais fatores podem ser de diferentes espécies; portanto, não há que se culpar os pais pelo desempenho insatisfatório dos filhos.


    B) A escola deve valorizar os professores como representantes do saber, evitando que as falas dos pais, frequentemente de cultura iletrada, interfiram na realidade do aluno e desestimule o fazer pedagógico.

    Errada! A defesa dos autores é no sentido de buscar meios adequados para promover a aproximação entre escola e família, para que haja um entendimento mútuo, ou seja, para que a escola saiba das limitações da atuação da família em cada caso e a família saiba o papel da escola na educação de seus filhos. Portanto, é incorreto afirmar que a escola deve evitar a interferência dos pais na realidade do aluno.


    C) É preciso superar o estigma do fracasso escolar, o que acontece quando a escola nivela as exigências de acompanhamento dos pais, independentemente dos diferentes níveis de aprendizagem dos alunos.

    Errada! O fracasso escolar deve ser combatido a partir da análise das possíveis variáveis causadoras do problema, que podem estar relacionadas às condições familiares, escolares e individuais do aluno. Portanto, não basta nivelar as exigências de acompanhamento dos pais, bem como é errado afirmar que não devem ser considerados os níveis de aprendizagem dos alunos.


    E) É importante que as conversas sobre desempenho dos alunos estejam devidamente colocadas nas reuniões coletivas semestrais, quando os limites e possibilidades de cada aluno são partilhados junto ao grupo de pais.

    Errada! Embora a promoção de reuniões que tratem sobre o desempenho dos alunos seja importante, essa interação deverá ocorrer entre escola e família e não em reuniões coletivas semestrais ou partilhados em grupo de pais.



    Gabarito do professor: Letra D.