Essa
questão exige conhecimentos sobre o tema “relação
entre escola e família", com base na abordagem presente na obra “Interação escola-família: subsídios para
práticas escolares", de autoria de Jane Castro e Marilza Regattieri.
SINTETIZANDO O CONTEÚDO COBRADO:
De
acordo com Castro e Regattieri (2009), o insucesso
escolar deveria suscitar a análise
de causas dos problemas que interferiram na aprendizagem, avaliando o peso das condições escolares, familiares e individuais do aluno. No
entanto, o que se constata é que, em vez disso, o comportamento mais comum diante
do fracasso escolar é a atribuição de
culpas, que geralmente provoca o afastamento mútuo.
Além
disso, as autoras defendem que:
[...]
a assimetria de poder entre
profissionais da educação e familiares costuma pesar a favor dos educadores, principalmente quando temos, de um lado, os
detentores de um saber técnico e, de
outro, sujeitos de uma cultura iletrada.
Novamente, se essas diferenças são convertidas em desigualdade, a distância
entre alguns tipos de famílias e as escolas que seus filhos frequentam se
amplia. Podemos dizer que usar a assimetria
de poder para transferir da escola para o aluno e sua família o peso do
fracasso transforma pais, mães, professores, diretores e alunos em antagonistas,
afastando estes últimos da garantia de seus direitos educacionais. É uma
armadilha completa.
Em
suma, escola e família deverão trabalhar de forma conjunta e integrada visando
promover a educação de suas crianças. Contudo, deve haver por parte da escola
um trabalho de diagnóstico para identificar o perfil e as possíveis limitações de
cada família; possibilitando, dessa forma, que a escola possa orientar (com
base na realidade identificada) os pais quanto a sua participação no processo
educativo de seus filhos.
Um dos
exemplos de interação entre escola e família é a conversa sobre desempenho dos alunos. Essas conversas, em geral, deverão ser realizadas entre professores e pais,
para que sejam consideradas as variáveis de cada caso e que se possa traçar as
melhores estratégias para a manutenção de um bom desempenho ou para a correção
das dificuldades em caso de desempenho insatisfatório.
RESOLVENDO A QUESTÃO:
Com
base nas ideias dos autores acima expostas, a única alternativa correta a respeito
da postura da escola é a que consta na letra “D": “As condições próprias de cada família para essa interação têm de ser
consideradas quando a escola estipula suas exigências quanto ao acompanhamento
dos alunos pelos pais". Vale dizer, embora seja necessária a participação dos
pais no acompanhamento de seus filhos, a escola deverá fazer a verificação das possibilidades
que cada família possui para efetuar tal interação.
Analisemos
as demais alternativas.
A) A
responsabilidade pelo fracasso escolar se deve à distância ou ao
desinteresse dos pais, exigindo que a escola os conscientize nesse sentido
e cobre uma participação efetiva de compromisso educativo.
Errada! Para os autores explorados na
questão, o fracasso escolar deveria ser visto como uma espécie de “termômetro" para
que sejam identificados os fatores causadores do insucesso. Tais fatores podem
ser de diferentes espécies; portanto, não há que se culpar os pais pelo
desempenho insatisfatório dos filhos.
B) A
escola deve valorizar os professores como representantes do saber, evitando
que as falas dos pais, frequentemente de cultura iletrada, interfiram na
realidade do aluno e desestimule o fazer pedagógico.
Errada! A defesa dos autores é no sentido de
buscar meios adequados para promover a aproximação entre escola e família, para
que haja um entendimento mútuo, ou seja, para que a escola saiba das limitações
da atuação da família em cada caso e a família saiba o papel da escola na educação
de seus filhos. Portanto, é incorreto afirmar que a escola deve evitar a interferência
dos pais na realidade do aluno.
C) É
preciso superar o estigma do fracasso escolar, o que acontece quando a escola nivela
as exigências de acompanhamento dos pais, independentemente dos
diferentes níveis de aprendizagem dos alunos.
Errada! O fracasso escolar deve ser
combatido a partir da análise das possíveis variáveis causadoras do problema,
que podem estar relacionadas às condições familiares, escolares e individuais
do aluno. Portanto, não basta nivelar as exigências de acompanhamento dos pais,
bem como é errado afirmar que não devem ser considerados os níveis de
aprendizagem dos alunos.
E) É
importante que as conversas sobre desempenho dos alunos estejam devidamente colocadas
nas reuniões coletivas semestrais, quando os limites e possibilidades de
cada aluno são partilhados junto ao grupo de pais.
Errada! Embora a promoção de reuniões que
tratem sobre o desempenho dos alunos seja importante, essa interação deverá
ocorrer entre escola e família e não em reuniões coletivas semestrais ou
partilhados em grupo de pais.
Gabarito do professor: Letra D.