- ID
- 4137523
- Banca
- INEP
- Órgão
- UFPEL
- Ano
- 2019
- Provas
- Disciplina
- Literatura
- Assuntos
Leia os fragmentos textuais a seguir, para resolução da questão
[...] Ergui a gola do sobretudo, desci a aba do chapéu até perto dos olhos e troquei as dependências do hotel pelas
da cerração. Satolep estava apropriadamente decorada para minha festa solitária. As coisas geometrizadas pelo frio
mostravam-se voláteis. Linhas rigorosas à luz do dia eram agora ausência de contornos. Fazer trinta anos era perder-me no
nevoeiro tendo em vista a concretude da cidade ou o contrário? Um cão flutuava atrás de uma charrete que passava. O
granito do meio-fio corria a meu lado, às vezes reluzente em sua umidade, às vezes dissipado em vapor luminoso; um outro
cão, de pedra e de nuvem, cão de alguma mitologia, condenado a nascer e morrer indefinidamente. Nascer pedra e morrer
nuvem? Nascer nuvem e morrer pedra? Trinta anos. Soprei velinhas imaginárias, e minha alma revoluteou diante de mim.
(RAMIL, 2008, p.08)
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, porque nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se crê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(Gregório de Matos 1636 – 1695)
Os excerto lidos anteriormente pertencem a diferentes épocas e gêneros literários, entretanto apresentam
algumas proximidades temáticas. Considerando os excertos e suas respectivas significações literárias, é correto
afirmar que os textos