- ID
- 4175020
- Banca
- Cepros
- Órgão
- CESMAC
- Ano
- 2019
- Provas
- Disciplina
- Literatura
- Assuntos
Segundo Afrânio Coutinho, o fragmento “Notas de
Teoria literária”:
“A ficção distingue-se de história e da biografia, por estas
serem narrativas de fatos reais. A ficção é produto da
imaginação criadora, embora, como toda arte, suas raízes
mergulhem na experiência humana. Mas o que a distingue
das outras formas de narrativa é que ela é uma
transfiguração ou transmutação da realidade, feita pelo
espírito do artista, este imprevisível e inesgotável
laboratório. A ficção não pretende fornecer um simples
retrato da realidade, mas antes criar uma imagem da
realidade, uma reinterpretação, uma revisão. É o
espetáculo da vida através do olhar interpretativo do artista,
a interpretação artística da realidade”.
(Afrânio Coutinho. Notas de Teoria Literária).
O fragmento apresentado acima confirma a concepção
de que a narrativa de ficção, embora tenha origem na
experiência real, seja uma transfiguração da realidade,
a exemplo das seguintes criações do Romance
brasileiro:
1) Machado de Assis, em Memórias póstumas de
Brás Cubas, que dá voz a um defunto, que narra,
logo no primeiro capítulo, os pormenores de sua
morte.
2) Graciliano Ramos, em Vidas Secas, que
pretendendo manter indícios do Simbolismo,
afastou-se dos princípios literários românticos.
3) Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas,
que optou por transfigurar não apenas traços da
realidade, mas entrou pela área linguística e a
reinterpretou também.
4) Clarice Lispector, em A hora da Estrela, que, fiel
à ficção, questiona sua própria habilidade para
compor uma narração no gênero ‘romance’.
Estão corretas