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Lembramos da Tropicália um dos movimentos de resistência à ditadura, o qual os cantores como Chico Buarque, Gal Costa etc. Usavam palavras metafóricas em suas musicas para driblar o DCDP , Divisão de Censura de Diversões Públicas, órgão que fiscalizava previamente todas as canções.
Tortura, resistência e censura. O período ditatorial no Brasil, que durou entre 1964 e 1985, deixou marcas históricas. Entre muitas ações, essa intervenção tentou vetar e dificultar a circulação de ideias advindas da manifestação cultural, que fosse contra o regime vigente. Tudo era mantido sob o olhar crítico dos encarregados de impedir o debate no Brasil, e a música foi uma das expressões mais atingidas.
A Música Popular Brasileira (MPB) teve importante papel, quando, dando voz aos estudantes da época e opositores do regime, passou a ser disseminada pelo povo. Diante dos festivais que foram surgindo e o Movimento Tropicália, este último considerado o movimento que mudou a cultura brasileira, o regime militar se viu ameaçado.
Para combater as composições consideradas “de protesto” ou de qualquer conduta divergente à moral dos militares, o regime instaurou a censura no Brasil. Assim, foi criada a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), órgão que fiscalizava previamente todas as canções.
http://portaldonic.com.br/jornalismo/2017/05/17/5-musicas-censuradas-durante-a-ditadura-militar/
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O Festival Internacional da Canção foi criado em 1966 por Augusto Marzagão. O objetivo era projetar a Musica Popular Brasileira, incentivar compositores e arranjadores e, promover intercâmbios culturais com os músicos do mundo inteiro. Existiam duas categorias: a nacional apenas de compositores brasileiros e a internacional para o resto do mundo. O festival fazia parte da programação da Secretaria Estadual do Turismo do Rio de Janeiro e era realizado no Maracanazinho.
No ano de 1967, a TV Globo passou a investir e a transmitir o evento.
O III Festival Internacional da Canção aconteceu no ano de 1968 e quem venceu foi a canção “Sabiá" composta por Tom Jobim e Chico Buarque, ambos notadamente opositores do regime militar brasileiro. Suas músicas e suas produções eram inspecionadas pelos agentes da Censura.
A questão apresenta alternativas de análise literária em um contexto histórico. É uma proposta de interdisciplinaridade. Há que ter conhecimentos de Língua Portuguesa além de História.
A) CORRETA – Segundo Humberto Werneck, que escreveu o livro Chico Buarque Letra e Música, a canção Sábia foi premiada por ser uma nova Canção do Exílio, comparando a canção ao poema de Gonçalves Dias. Além disso, a canção retrata o desejo de retorno a uma terra que não possui mais as mesmas características de antes. Ou seja, o país antes das repressões e perseguições políticas.
B) INCORRETA – A letra da Música se refere a um eu lírico solitário com desejo de retorno a uma terra que possui determinadas características enumeradas ao longo da canção.
C) INCORRETA – O eu lírico da música fala sobre a sua terra, enumera seus elementos e seus sentimentos. É uma canção que retrata o sentimento de exílio e separação, aos quais artistas e intelectuais também foram submetidos.
D) INCORRETA – Tanto Chico Buarque quanto Tom Jobim foram declaradamente opositores do regime militar brasileiro e sofreram com o exílio. Foram exilados, no entanto, depois da composição desta música . Ela foi influenciada pelo sentimento de não pertencer com o contexto histórico que estavam vivenciando.
E) INCORRETA – O canto do pássaro referido na música significa o retorno a terra deixada, na qual este passarinho é parte integrante da fauna.
Gabarito do Professor: Letra A.
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Por que não é a B?
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Não é a B porque inexiste referência na letra da canção a voos de pássaros. Apenas a seu canto.
Já a intertextualidade citada em A refere-se ao poema "Canção do Exílio" de Gonçalves Dias (minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá...)
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intertextualidade: "Canção do exílio" do poeta romântico Gonçalves Dias.
"minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá"
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LETRA A. Mais uma parte triste de nossa história, o canto do sabiá seria uma metáfora com a repressão do regime militar brasileiro que durante o período do Costa e Silva, "o tio velho", como era conhecido, instaurou o Ato Institucional nº 5 que dentre de suas características mais duras do regime, tinha como função do Presidente da República a pena de banimento.