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ID
5063365
Banca
FUVEST
Órgão
USP
Ano
2021
Provas
Disciplina
História
Assuntos

[No Brasil], a transição da predominância indígena para a africana na composição da força de trabalho escrava ocorreu aos poucos ao longo de aproximadamente meio século. Quando os senhores de engenho, individualmente, acumulavam recursos financeiros suficientes, compravam alguns cativos africanos, e iam acrescentando outros à medida que capital e crédito tornavam-se disponíveis. Em fins do século XVI, a mão de obra dos engenhos era mista do ponto de vista racial, e a proporção foi mudando crescentemente em favor dos africanos importados e sua prole.

Stuart Schwartz, Segredos internos. São Paulo: Companhia das Letras, 1988, p.68.


Com base na leitura do trecho e em seus conhecimentos, pode-se afirmar corretamente que, no Brasil,

Alternativas
Comentários
  • Não houve uma efetiva ação contra a escravização dos indígenas. Conforme relatos nos livros e por nossos brilhantes professores, havia a prisão por uma justa guerra. Ou seja, bastava que a vontade do colonizador saltasse aos olhos para que inventasse uma briga e pronto, a causa estava pautada em direitos que os colonizadores dispunham. Então, não podemos ser ingênuos e afirmar que depois do intenso comércio dos povos africanos o país não teve índios escravizados. Afinal, o que a Igreja fazia quando ordenava que os nativos realizassem trabalho? Não escravidão, em termos oficiais, mas, convenhamos, de bom grado e intenção é que não era.

    A

    EsPCEx 2022

  • A mão de obra indígena escravizada começou a ser substituída pela mão de obra africana escravizada ainda no século XVI. Esta substituição foi lenta e gradual. Ela se deu por diferentes motivos, conforme veremos. A questão do trabalho era um ponto de conflito entre portugueses e nativos, pois enquanto os indígenas produziam para a subsistência os portugueses visavam lucro e queriam uma produção de excedentes.

    A taxa de mortalidade entre os indígenas era alta, devido ao contato com os brancos, já que não possuíam defesa biológica para entrar em contato com as doenças como a gripe, sarampo e varíola. Os indígenas morriam ainda mais de acordo com o avanço da colonização portuguesa. Além disso, as fugas eram comuns, pois os indígenas detinham um vasto conhecimento do território , fato dificultava a sua recaptura. Este fato trazia escassez de mão de obra. 

    Paralelamente, os jesuítas alegavam que os indígenas não podiam ser escravizados, pois precisavam ser catequizados por possuírem alma. Por conta disso, a Coroa Portuguesa alegou no século XVI e XVII que os indígenas somente poderiam ser escravizados caso houvesse uma guerra justa. Isso dificultava sua escravização pelos colonizadores.

    A historiografia defende que o principal motivo da mão de obra indígena ter sido substituída pela mão de obra negra africana foi a experiência que os negros africanos tinham com a produção de cana de açúcar nas Ilhas dos Açores e da Madeira em Portugal. Além disso, a escravidão africana dava lucros aos traficantes de escravos que, por sua vez, pagavam impostos à Coroa.

    A) CORRETA – Esta afirmativa está correta pois a substituição da mão de obra indígena pela mão de obra negra africana foi lenta e gradual. Além disso, a aquisição de negros africanos escravizados ocorria de acordo com as oportunidades de recursos financeiros que o senhor de terras possuía. Dessa forma, a escravização dos indígenas perdurou até 1757 com a proibição definitiva de Marques de Pombal. 

    B) INCORRETA- Esta afirmativa está incorreta pois a expectativa de vida dos negros escravizados vindo da África era tão baixa quanto a dos escravos indígenas. Os senhores de terra preferiam os negros africanos, porque estes possuíam mais experiência no plantio da cana de açúcar. Além disso, já haviam entrado em contato com os brancos adquirindo defesa biológica a doenças, além de não conhecerem o território, o que dificultaria a fuga 

    C) INCORRETA – Esta afirmativa está incorreta pois a substituição entre a mão de obra escrava indígena e dos negros africanos foi gradativa. Podemos inferir que os dois comércios ocorreram concomitantemente. Os negros escravizados eram comprados na África e vinham traficados para o Brasil aonde eram vendidos. Os indígenas eram comprados das guerras intertribais ou aprisionados pelos Bandeirantes. 

    D) INCORRETA – Esta afirmativa está incorreta pois a Igreja desejava evangelizar os nativos e utilizá-los como mão de obra em suas reduções. Os créditos disponíveis eram para a compra de negros africanos escravizados. Os senhores de terra preferiam comprar para escravizar os negros africanos devido a experiência prévia que possuíam com o plantio de cana de açúcar nas Ilhas de Açores e Madeira, além de virem de nações diferentes e não conhecerem o território, o que dificultava em muito as fugas . 

    E) INCORRETA – Esta afirmativa está incorreta pois a escravização dos indígenas foi inviabilizada pelos jesuítas. Segundo eles, os indígenas não poderiam ser escravizados por terem alma. Dessa forma, eles deveriam ser catequizados e educados para o trabalho. 

    Gabarito do Professor: Letra A.
  • Para responder essa questão, é necessário considerar alguns dos fatores que levaram a gradativa substituição da mão-de-obra indígena para a africana.

    A historiografia moderna defende alguns pontos interessantes, vejamos:

    • Alta taxa de mortalidade indígena em contato com o homem branco
    • A recente crise que a igreja passou devido à Reforma Protestante, que a fez perder fiéis. Dessa forma, havia a necessidade de encontrar novas pessoas para a catequização, no caso os índios.
    • OBS: Ela justificou que não se deveria escravizá-los, pois eles possuíam alma, por isso precisavam ser catequizados.
    • O motivo principal foi a questão de que os indígenas não detinham de um conhecimento específico que o africano tinha para a produção de cana-de-açúcar, ou seja, o negro dava lucro à coroa.

    Fora isso, temos algumas considerações para responder a questão.

    Os indígenas, mesmo com a sua escravidão tendo sido combatida pela igreja, ainda era utilizado como mão de obra nas reduções dessa sociedade e em muitos locais os negros e indigenas eram escravizados e vendidos de maneira simultânea.

    A transição entre esse processo de substituição majoritária entre esses atores foi lenta e gradual.

    Embora com mais resistência biológica do que os indígenas, o negro tinha a quase a mesma expectativa de vida, extremamente baixa.

     

    Diante desse cenário, sobra apenas a alternativa A como resposta.