SóProvas


ID
5066038
Banca
IDIB
Órgão
Prefeitura de Jaguaribe - CE
Ano
2020
Provas
Disciplina
Literatura
Assuntos

TEXTO II


O apanhador de desperdícios


Uso a palavra para compor meus silêncios.

Não gosto das palavras

fatigadas de informar.

Dou mais respeito

às que vivem de barriga no chão

tipo água pedra sapo.

Entendo bem o sotaque das águas

Dou respeito às coisas desimportantes

e aos seres desimportantes.

Prezo insetos mais que aviões.

Prezo a velocidade

das tartarugas mais que a dos mísseis.

Tenho em mim um atraso de nascença.

Eu fui aparelhado

para gostar de passarinhos.

Tenho abundância de ser feliz por isso.

Meu quintal é maior do que o mundo.

Sou um apanhador de desperdícios:

Amo os restos

como as boas moscas.

Queria que a minha voz tivesse um formato

de canto.

Porque eu não sou da informática:

eu sou da invencionática.

Só uso a palavra para compor meus silêncios.


Manoel de Barros

Disponível em -Memórias Inventadas – As Infâncias de

Manoel de Barros – Manoel de Barros – Editora Planeta, 2008, p.45.

O escritor sul-mato-grossense Manoel de Barros é um dos grandes poetas da literatura brasileira. Com relação ao período literário do qual participou e às características de sua obra, é correto afirmar que

Alternativas
Comentários
  • Manoel de Barros é detentor de uma linguagem simples, compacta, coloquial, vanguardista e poética. Escreveu sobre temas como o cotidiano - as coisas simples da vida, da natureza. Muitos de seus poemas receberam um toque de surrealismo, regidos pelo universo onírico e fantasioso.

  • Manoel de Barros foi um escritor modernista brasileiro pertencente à terceira geração modernista, chamada de “Geração de 45”.

    É considerado um dos maiores poetas brasileiros, o qual foi agraciado com diversos prêmios literários.

    Destaca-se o “Prêmio Jabuti” que recebeu duas vezes com as obras: O guardador de águas (1989) e O fazedor de amanhecer (2002).