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ID
5077681
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Prefeitura de Barra dos Coqueiros - SE
Ano
2020
Provas
Disciplina
Não definido

     A igualdade e a desigualdade das diversas existências sagradas, todas opostas às coisas que são os puros objetos, resolvem-se em uma hierarquia de espíritos. Os homens e o “Ser supremo”, mas também, em uma representação primeira, os animais, as plantas, os meteoros... são espíritos. Dá-se um deslizamento nessa posição: o “Ser supremo” é, em certo sentido, um puro espírito: da mesma forma, o espírito de um homem morto não depende de uma clara realidade material, como o de um homem vivo; enfim, o vínculo de um espírito de animal ou de planta com um animal ou uma planta individuais é muito vago: trata-se de um espírito mítico — independente das realidades dadas. Nessas condições, a hierarquia dos espíritos tende a se fundar sobre uma distinção fundamental entre os espíritos que dependem de um corpo, como o dos homens, e os espíritos autônomos do “Ser supremo”, dos animais, dos mortos etc., que tendem a formar um mundo homogêneo, um mundo mítico, no interior do qual, na maior parte do tempo, as diferenças hierárquicas são fracas. O “Ser supremo”, o soberano dos deuses, o deus do céu, em geral não passa de um deus mais poderoso, mas de mesma natureza que os outros. Os deuses são simplesmente espíritos míticos, sem substrato de realidade. E deus é puramente divino (sagrado), o espírito que não está subordinado à realidade de um corpo mortal. Na medida em que ele próprio é espírito, o homem é divino (sagrado), mas não o é soberanamente, já que é real.

Georges Bataille. Teoria da religião. Editora Ática, 1993 (com adaptações).

Conclui-se do texto apresentado que

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