- ID
- 5112721
- Banca
- EDUCA
- Órgão
- Prefeitura de Cabedelo - PB
- Ano
- 2020
- Provas
- Disciplina
- Geografia
- Assuntos
Da ideia de mestiçagem introduzida no Brasil,
apreende-se como a transformação desse conceito
na ideologia de Estado, auxiliará na construção do
Estado nacional a partir dos anos 30. Trata-se de
uma visão de mundo que reinventa o país, na
medida em que revela a possibilidade de
convivência dos diferentes grupos socioculturais
então residentes dentro das fronteiras político-geográficas da nação brasileira. Deve-se lembrar
que até as primeiras décadas do século XX, uma
questão polarizou o debate político brasileiro, a
saber, até que ponto seria possível constituir uma
nação unitária e progressista nos trópicos, partindo-se de grupos populacionais tão heterogêneos
quanto ex-escravos e seus descendentes, os
diversos povos indígenas, imigrantes de diferentes
origens e “mestiços” de todos os tons.
Sobre a ideia de mestiçagem, que foi construída ao
longo da História do Brasil como discurso do
Estado é CORRETO afirma que:
1. Os negros possuíam uma consciência
subdesenvolvida, não estando em condições de
assumir todos os direitos e deveres que cabiam
aos demais cidadãos. Nesse sentido, o primeiro
código penal republicano, ao não distinguir os
cidadãos conforme a cor de sua pele, tornou-se
alvo da dura critica. O determinismo biológico
foi o componente fundante para uma leitura de
cidadania que não previa o cruzamento entre
raças no início do século XIX, que
irremediavelmente seria a degradação da “raça
brasileira”.
2. A desigualdade e os problemas sociais,
historicamente construídos, como o subjugo de
determinados grupos como mulheres ou negros,
são como constitutivas de uma essência brasileira,
infensas à possibilidade de transformação. Supõe-se uma cultura unificada como fundamento da
nação, em que restam limitados os espaços para a
expressão de novas formas culturais, como
aquelas trazidas pelos imigrantes que chegam ao país a partir da segunda metade do século XIX e
incorporadas a ideia de nação brasileira.
3. A intervenção estatal no campo da cultura baseou-se em um conceito essencialista de brasilidade,
através do qual algumas formas culturais foram
promovidas, enquanto outras manifestações,
igualmente existentes, foram sistematicamente
desconsideradas. Brasilidade se apresentou como
uma identidade mestiça não étnica, capaz de
assimilar todas as outras representações étnicas. A
ideia de raça foi desqualificada enquanto
instrumento dos discursos políticos depois de
1930 e assim se constituiu o mito da democracia
racial, componente indispensável da ideologia da
mestiçagem.
4. A partir dos anos 70 o conceito raça através, da
influência da discussão norte-americana, ganhou
renovada importância política no Brasil,
funcionado como instrumento de ruptura da
homogeneidade construída, simbolicamente, pela
política da mestiçagem, como se tratasse de
dissociar os grupos socioculturais fundidos na
simbologia da nação mestiça. Assim, o conceito
raça se transformou em instrumento de
mobilização política, em construção discursiva e
que deve fazer dos diferentes estratos
populacionais afrodescendentes – do ponto de
vista social e cultural tão diverso entre si – um
coletivo político.
5. O discurso da mestiçagem como etapa transitória
no processo de branqueamento constitui peça
central da ideologia racial brasileira e acrescenta
que a população negra no Brasil representa, do
ponto de visita da elite pensante, uma ameaça ao
futuro da raça e da civilização branca no país. Para
essa elite, o discurso da mestiçagem contém um
ideal implícito de homogeneidade que não
contempla a existência da população negra, o que
o leva a falar de etnocídio e da construção de uma
ideologia de mestiçagem que parte das
organizações étnicas formadoras da sociedade
brasileira para permitir sua aceitação.
Estão CORRETAS: