“Ao tornar o comércio interprovincial de cativos uma das principais receitas provinciais, tocou-se em uma questão muito sensível aos administradores imperiais no Segundo Reinado: a boa saúde dos cofres públicos. Gerando renda para um - continuamente estreito - orçamento, o comércio pode operar sem maiores entraves e a intervenção política nos negócios limitou-se a fiscalizar e bem arrecadar seus impostos. (…) Escravos não eram todos do eito e não trabalhavam todos na cana. Uma característica do comércio interprovincial foi efetivamente drenar cativos de pequenos proprietários. (...) A família, ou laços familiares, aparecem como o mínimo denominador comum dessas experiências, em uma complexidade que por si só bastaria para encher as páginas de qualquer tese. Senhores e escravos tendo filhos que foram vendidos, irmãos alforriados vendo aqueles que continuaram cativos entrando no comércio, pais despedindo-se de filhos para comprarem a liberdade de outros anos depois, mães assumindo os bens de filhos que se foram pela força do comércio, mães sendo libertadas para verem seus filhos serem logo depois vendidos, mães que reencontram seus filhos após tentativas frustradas de re-escravização. (…).
A intensidade e a regularidade do comércio afetaram a vida das comunidades de escravos e libertos por todo solo alagoano. Cada um escravo que partia, eram tantos outros que ficavam a amargar as dores e pesares da ruptura praticamente definitiva. Em um tempo em que a violência do sistema escravista começava a ser atacada, o temor dos vapores mostrou-se excelente instrumento para manter a ordem e submeter a população escrava ao triste destino que a condição lhe impusera.” (TEIXEIRA, Luana. Comércio interprovincial de escravos em Alagoas no Segundo Reinado. Tese (doutorado). Universidade Federal de Pernambuco. CFCH. Pós-Graduação em História, Recife, 2016, p. 272 a 274.)
O extrato acima NÃO nos permite afirmar que: