Dalgalarrondo (2019) aponta que o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5) exige, para o diagnóstico de episódio maníaco, que estejam presentes, na maior parte do dia, por pelo menos uma semana (geralmente duram bem mais que isso), além de humor elevado (euforia, elação), pelo menos mais três dos sintomas de mania (quatro, se o humor for apenas irritável) descritos a seguir:
✓ Aumento da autoestima. O paciente se sente superior, melhor que os outros, mais potente.
✓ Diminuição da necessidade de sono. Às vezes, os familiares referem como insônia, mas, trata-se, de fato, de diminuição do tempo de sono, sem queixas do paciente (que dorme pouco, de 3 a 4 horas por noite, sem que isso o afete).
✓ Loquacidade. Produção verbal rápida, fluente e persistente.
✓ Logorreia. Produção verbal muito rápida, fluente, com perda das concatenações lógicas, substituídas por associações contingenciais ou por assonância.
✓ Pressão para falar. Tendência irresistível de falar sem parar, de não conseguir interromper a fala.
✓ Alterações formais do pensamento. Expressam-se como fuga de ideias, desorganização do pensamento, superinclusão conceitual, tangencialidade, descarrilhamento, incoerência, ilogicidade, perda dos objetivos e repetição, excessiva. Pacientes maníacos apresentam também pensamentos com combinações extravagantes, com irreverência e jocosidade.
✓ Distraibilidade. Atenção voluntária diminuída, e espontânea, aumentada.
✓ Aumento de atividade dirigida a objetivos (no trabalho, na escola, na sexualidade) ou agitação psicomotora.
✓ Envolvimento excessivo em atividades potencialmente perigosas ou danosas, como comprar objetos ou dar seus pertences indiscriminadamente e realizar investimentos financeiros insensatos ou indiscrições sexuais; há comportamentos sexuais aumentados, desinibidos, e o paciente se torna particularmente vulnerável a exposições sexuais de risco (sexo desprotegido).
Outros sintomas, não citados pelo DSM-5 como critérios diagnósticos, também podem ser encontrados nos episódios de mania, como:
✓ Labilidade afetiva. Oscilação rápida e fácil entre momentos alegres, eufóricos e momentos de tristeza e choros abruptos. De modo geral, são afetos superficiais.
✓ Agitação psicomotora. Pode ser muito intensa e configurar até quadro de “furor maníaco".
✓ Arrogância. Em alguns pacientes maníacos, é um sintoma destacável.
✓ Heteroagressividade. Geralmente desorganizada e sem objetivos precisos.
✓ Desinibição social e sexual. Leva o indivíduo a praticar comportamentos inadequados em seu meio sociocultural, os quais não realizaria fora da fase maníaca.
Assim, o quadro sintomático descrito na questão pode perfeitamente exemplificar um episódio de mania. Como o transtorno bipolar é caracterizado por
podemos ter aqui também um quadro desses.
A questão disse sintomas compatíveis, não fechou o diagnóstico!!!
A título de complementação, para o DSM-5, a hipomania é muito semelhante à mania, com a ressalva de que o episódio não pode ser suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou de necessitar de internação (nesses casos, automaticamente o episódio é considerado de “mania", e não de “hipomania").
Além de:
Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2019.
Gabarito do Professor: CERTO.