SóProvas


ID
5310814
Banca
UERJ
Órgão
UERJ
Ano
2021
Provas
Disciplina
Conhecimentos Gerais
Assuntos

E, bem pensado, mesmo na sua pureza, o que vinha a ser a Pátria? Não teria levado toda a sua vida norteado por uma ilusão, por uma ideia a menos, sem base, sem apoio, por um Deus ou uma deusa cujo império se esvaía? Não sabia que essa ideia nascera da amplificação da crendice dos povos greco-romanos de que os ancestrais mortos continuariam a viver como sombras e era preciso alimentá-las para que eles não perseguissem os descendentes? (...)
Reviu a história; viu as mutilações, os acréscimos em todos os países históricos e perguntou de si para si: como um homem que vivesse quatro séculos, sendo francês, inglês, italiano, alemão, podia sentir a Pátria?
Uma hora, para o francês, o Franco-Condado era terra dos seus avós, outra não era; num dado momento, a Alsácia não era, depois era e afinal não vinha a ser. Nós mesmos [brasileiros] não tivemos a Cisplatina e não a perdemos?
(...) Certamente era uma noção sem consistência racional e precisava ser revista.
Lima Barreto
Triste Fim de Policarpo Quaresma, parte III, capítulo V.

No romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto abordou contradições da sociedade brasileira do início do período republicano.
Nesse contexto, na reflexão que faz no trecho citado, o personagem Major Quaresma ressalta um entendimento em que a noção de pátria pode ser definida atualmente como:

Alternativas
Comentários
  • ele demonstra no texto o conceito de território e posteriomente tece uma análise sobre a falta de sentido do conceito territorial, podendo-se inferir que se trata de comunidade imaginada

    ITEM B

  • Gabarito - Letra B.

    A noção de pátria ressaltada pelo autor é aquela atualmente denominada de "comunidade imaginária". Segundo a minha interpretação, essa noção está clara no trecho "(...) o que vinha a ser a Pátria? [pergunta, seguida da "resposta" com a noção de pátria mencionada pelo autor] Não teria levado toda a sua vida norteado por uma ilusão, por uma ideia a menos, sem base, sem apoio, por um Deus ou uma deusa cujo império se esvaía? Não sabia que essa ideia nascera da amplificação da crendice dos povos greco-romanos de que os ancestrais mortos continuariam a viver como sombras e era preciso alimentá-las para que eles não perseguissem os descendentes? (...)"

    Os termos sublinhados no trecho acima denotam a noção de pátria como "comunidade imaginária" ao usar os termos "ilusão", "ideia" e "crendice" e também ao relacionar com a mesma noção presente nos povos greco-romanos quanto aos seus símbolos e cultura.

    Pode haver confusão com a letra C (contigência geográfica), mas o autor apenas citou os exemplos geográficos de alteração nos limites territoriais dos países (aquisição e perde de territórios) dentro de sua reflexão inicial do que seria a "Pátria", como componentes (frágeis) da própria noção de uma imagem ilusória de "Pátria".